Aterro oferece melhores condições para catadores e preocupa por desperdício de material

15/07/2013 - 17h22
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Ministério Público Estadual move ação para reabrir lixão [caption id="" align="alignnone" width="590"] Antigo lixão agora é aterro sanitário
Foto: Jean Codas[/caption] [caption id="" align="alignright" width="180"] Guardas controlam fluxo diário de trabalhadores
Foto: Jean Codas.[/caption] [caption id="" align="alignleft" width="180"] Funcionamento do aterro é gerenciado pela Solurb
Foto: Jean Codas.[/caption] Desde que foi reaberto, em janeiro de 2013, o antigo lixão de Campo Grande passou a funcionar como aterro sanitário Dom Antônio Barbosa II. No local houve melhorias para os catadores, como o uso de equipamentos de segurança e mais infraestrutura. Porém, o principal questionamento, tanto dos trabalhadores quanto do poder público, é o desperdício de material reciclável, pois a usina de triagem ainda não está totalmente pronta. A diferença do lixão para o aterro é que o lixo, que antes era amontoado a céu aberto, agora é depositado em um local impermeabilizado por uma base de argila e lona plástica, o que impede o vazamento de chorume para o subsolo e é menos agressivo para o meio ambiente. Alguns catadores voltaram a trabalhar no local, enquanto outros foram remanejados para a Usina de Triagem de Resíduos (UTR), onde um conjunto de máquinas  - esteira rolante, eletroímãs e peneiras, bem como funcionários separam a massa de resíduos sólidos a ser transformada em adubo e objetos recicláveis. Visão dos catadores O reciclador Max Willian, que trabalha no aterro, conta que depois que o local foi reaberto e passou a ser gerenciado pela prestadora de serviços CG Solurb - Soluções Ambientais, ocorreram mudanças. “Eles deram kits de Equipamento de Proteção Individual (EPI) para a gente, com botas e luvas, agora temos bebedouro, local para lavar as mãos antes de almoçar e sanitários. Estou satisfeito, as coisas mudaram bastante”, diz. [caption id="" align="alignright" width="200"] Catador Max Willian mostra crachá que o identifica como trabalhador do aterro
Foto: Jean Codas[/caption] Sobre a usina, o trabalhador explica que ela funciona com o máximo possível de funcionários. “O pessoal de uma cooperativa trabalha lá. O plano é que quando terminarem de construir, tenhamos que sair do aterro e ir para lá também”, comenta. A catadora Maria Aparecida, que trabalha há nove anos no local, não pensa em ir para a usina, caso seja necessário. “Não vou. Aqui toda tarde a gente recebe nosso dinheiro, lá ganhamos pouco, não dá”, diz ela. O trabalhador Ernandes da Silva está no local há seis anos e também relata mudanças. “Agora quem não estiver com equipamento de proteção ou sem cadastro não entra", explica o catador ao mencionar que a atualização dos dados é feita a cada três meses. Silva afirma também que o controle está mais rigoroso e é proibida a entrada de crianças no local. Segundo ele, o horário de funcionamento é das 5h às 17h, por motivos de segurança não é mais permitido trabalhar à noite. Esta é uma das principais reivindicações do catador. “Eles descarregam o lixo da noite e deixam para a gente catar de manhã, mas nisso perde muito material. Estão enterrando neste lixo muito dinheiro que nós poderíamos aproveitar”, ressalta. Ele também não se anima para trabalhar na UTR. “Lá vão formar uma equipe onde alguns trabalham e outros não”, reclama. O fator financeiro também influencia a posição dele. “Quando trabalho a tarde inteira, saio com R$ 100 reais no bolso. Na usina o salário é de R$ 700 reais”, conta. Quando o assunto é segurança, Silva admite que o aterro não oferece condições adequadas de trabalho, apesar das mudanças. Um exemplo positivo citado pelo catador é o sinal sonoro dos caminhões. "O apito das máquinas indica quando darão marcha ré e evita atropelamentos - antes frequentes", explica o trabalhador. MPE pede reabertura do lixão Também por causa do desperdício de material reciclável, o Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil contra a CG Solurb e a prefeitura municipal de Campo Grande. O principal argumento é que sem a usina de reciclagem, o tempo de vida útil do aterro, que era de cinco anos, será muito menor. De acordo com o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Eduardo Franco Cândia, 10% das 761 toneladas de lixo despejadas diariamente no local poderiam ser comercializadas devido ao valor dos produtos recicláveis ou reutilizáveis. Caso o Ministério ganhe a causa, a CG Solurb pode ser obrigada a concluir a UTR em 120 dias, sob pena de pagamento de multa de R$ 100 mil por dia. O não cumprimento de fechar o aterro pode acarretar em multa diária de R$ 50 mil. Como contraponto, o secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, alega que se isto ocorrer será um retrocesso, devido às condições precárias que os trabalhadores enfrentavam quando o local ainda era lixão. Repórter Priscila Ribeiro Fotógrafo Jean Codas Editor Everson Tavares  
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