Comércio na fronteira enfraquece após constante alta do dólar

18/06/2013 - 20h21
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A alta de mais de 20% do dólar nos últimos 12 meses atinge diretamente a economia da fronteira sul-mato-grossense entre o Brasil e o Paraguai. As cidades fronteiriças de Ponta-Porã e Pedro Juan Caballero, que têm suas bases econômicas no comércio, movimentado principalmente pela isenção de impostos do Paraguai. A região recebe turistas de todo o país, que viajam centenas de quilômetros atrás dos preços baixos, mas a valorização da moeda americana torna a viagem menos lucrativa. Isso se dá principalmente porque a cotação do dólar utilizado pelo comércio da região é o do Dólar Turismo, normalmente maior que a cotação do Dólar Comercial.

A queda das vendas é sentida principalmente pelas lojas não especializadas, que tem os turistas como clientes e não um público local. A loja de departamentos Shopping China é um exemplo e, segundo a gerente de marketing, Mirta Alvarenga, a estratégia para tentar driblar a queda de público, principalmente durante os feriados brasileiros, é aumentar o número de promoções e divulgação nas cidades do Estado, principalmente na Capital. “Quando o dólar aumenta, como nos últimos meses, a tendência do público é deixar de viajar apenas para gastar. Principalmente porque alguns produtos são encontrados no Brasil com um preço maior, mas com alta da moeda a vinda até aqui deixa de ser vantajosa”, explica Mirta.

Ponta Porã

O impacto causado no comércio não é sentido apenas do lado paraguaio da fronteira. O gerente de compras da rede Nippon de Ponta Porã, Valter Aguiar, explica que a pouca movimentação de público de outras cidades também influencia nas vendas da rede, que conta com dois supermercados e um restaurante em Ponta Porã e uma loja de artigos diversos em Pedro Juan, “é claro que a queda das vendas é maior na loja de Pedro Juan, mas calcula-se que as vendas tenham caído de 5% à 10% no último mês nas lojas de Ponta Porã, o que não é normal, visto que tivemos um feriado prolongado neste mês, data onde normalmente há uma maior movimentação de pessoas nas duas cidades”.

[caption id="attachment_1834" align="alignright" width="319"]DSC_0019-2 Movimento no feriado foi menor do que o esperado pelos comerciantes (Foto: Carla Scarpellini)[/caption]

Apesar do prejuízo de boa parte dos comerciantes, algumas lojas especializadas da fronteira não sentem uma queda tão significativa nas vendas, como é o caso da MAFER Ferramentas & Pesca, que tem três lojas em Pedro Juan. O proprietário Márcio Medeiros de Oliveira explica que a maior parte das vendas da loja é feita para clientes fiéis, fazendeiros, donos de oficina, pescadores profissionais entre outros, que costumam fazer as compras periodicamente, independente do valor do dólar, “por conseguirmos comprar em quantidade e direto dos fornecedores o preço é realmente abaixo do praticado do Brasil. Procuramos ter também, além de uma variedade grande, produtos específicos, que não são fáceis de encontrar em qualquer loja, e oferecemos a opção do comprador encomendar o que ele não encontrou. É uma maneira de fidelizar o cliente”.

A cotação atual do Dólar Comercial no Brasil varia entre R$ 2,15 e R$2,17. Na fronteira, chega até R$ 2,30 em alguns estabelecimentos. Mesmo com o anúncio do governo brasileiro sobre a isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações com moedas estrangeiras, a expectativa não é de que este valor diminua de imediato, visto que o principal responsável pela alta da moeda é a espera de uma recuperação da economia dos Estados Unidos. Com isto, o FED (Banco Central americano) reduz o afrouxamento monetário e a quantidade de dólares em circulação tende a cair, o que faz a moeda valorizar.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito analisa a situação de outro ponto de vista e acredita que a situação não deverá se estender, pois a estratégia utilizada pelo FED é arriscada, se for considerado que a economia americana ainda não está totalmente recuperada.

Carla Scarpellini e Izabela Sanchez

Edição: Amanda Amaral

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