
Foto: Geisy Garnes[/caption] Pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, a 14º edição do Festival do Teatro Brasileiro (FTB) chega a Campo Grande com uma proposta que pode expandir o cenário regional artístico para outros estados. O evento trouxe 11 espetáculos de grupos do Distrito Federal voltados para o teatro, dança e circo para trocar experiências com artistas da terra. O Festival de Teatro tem o objetivo de criar uma integração entre as culturas dos estados brasileiros por meio das artes cênicas. O idealizador do projeto, Sérgio Bacelar, explica que entre as atrações estão as oficinas de qualificação e os encontros informais entre os grupos. “A gente tentou identificar semelhanças entre os grupos que vieram do Distrito Federal e os daqui. E então fizemos o convite para eles se conhecerem”, explicou. O intercâmbio que trouxe a cena do Distrito Federal para o estado, também pode levar a do Mato Grosso do Sul para outras regiões. No entanto, é preciso um conjunto de variáveis que vai desde a preparação dos artistas, o comprometimento dos órgãos gestores com um apoio financeiro, até a escolha do local para onde as apresentações serão levadas. As principais sugestões são Pernambuco e Goiânia. A hipótese de levar a cena MS não é descartada por Bacelar. “Mato Grosso do Sul tem uma expressiva representação de dança. A dança de rua, a dança contemporânea, a dança de rua com a contemporânea. Já recebemos também o material de alguns grupos de teatro, mas não depende apenas de uma vontade minha”, ressalta o idealizador ao informar que se trata de um esforço coletivo. Após o término do festival, a classe artística de Campo Grande deverá se organizar para que a médio e longo prazo a possibilidade de levar o intercâmbio se torne viável. O coordenador do grupo de artes cênicas e dança da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Fernandes Ferreira, acredita que as trocas de experiências nesse período podem trazer muitas vantagens. “Podemos ver por Brasília, somos geograficamente próximos e culturalmente tão distantes”, comenta. O ator e arte-educador, Leonardo Calixto, trabalha com teatro há 22 anos e para ele todas as trocas de experiência foram enriquecedoras, principalmente nos bate-papos que ocorreram no fim de alguns espetáculos entre espectadores e artistas. “A ideia do bate-papo cria uma comunicação com o público, ali acontece uma dialética, uma troca. Quando eu sou espectador a mensagem que o teatro quer transmitir fica só no meu consciente. Com essa comunicação, eu posso descobrir se era aquilo que eu realmente imaginei ou se a proposta era outra”, argumenta. Para os atores do Distrito Federal, a experiência também traz muitas vantagens. Com 34 anos de carreira, o ator Chico Sant’anna que veio apresentar duas peças, “Heróis” e “Cru”, apoiou a iniciativa. “É uma via de duas mãos. O que nós trouxemos é algo como um painel do que é feito em Brasília atualmente. São grupos das mais diversas linguagens, muitos eu nunca tinha tido a oportunidade de assistir, então criamos um olhar crítico até para o que estamos fazendo na nossa cidade”, comenta. Formação de público O projeto começou como Mostra de Teatro da Bahia, que após três anos mudou o nome para Festival de Teatro Brasileiro. As cenas se ampliaram, da baiana para a pernambucana, da pernambucana para a mineira, onde o Festival começou a agregar ideias. Entre elas a de formação de público, que consiste em ir até as escolas, onde os arte-educadores ficam duas horas com a realização de dinâmicas e orientações para os alunos de como assistir as peças. Pela primeira vez em um teatro, o aluno do 9º ano, Gabriel Lombardi, disse estar empolgado para assistir a peça, O cano. “Nós já tínhamos usado o teatro para fazer um trabalho, onde nós recriamos a imagem de uma tela e fizemos uma cena na sala de aula. Então acho legal esse trabalho, eles irem até a sala de aula. É bem legal”. Leia mais sobre a formação de público no Festival de Teatro Brasileiro Veja trechos da peça "O cano" Texto: Izabela Borges Fotos: Cynthia Paludeto Edição: Mariana Cintra