SUS irá aplicar vacina contra HPV a partir de 2014
23/07/2013 - 15h47
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O Papiloma Vírus Humano, conhecido como HPV, entrou em pauta neste ano devido ao anúncio realizado pelo Ministério da Saúde, no início do mês de julho. A partir do ano letivo de 2014, a vacina contra HPV será oferecida pelo Sistema único de Saúde (SUS) para meninas de 10 e 11 anos.
No Brasil, a opção pela vacinação precoce terá caráter profilático. De acordo com a médica ginecologista Maristela Vargas Peixoto, quanto mais cedo a jovem tomar a vacina melhor será a resposta imunológica do organismo. Portanto, para maior eficácia da prevenção, a vacina deverá ser administrada antes da exposição ao vírus. Por isso, o público-alvo são pré-adolescentes jovens que ainda não iniciaram a atividade sexual, o que justifica a opção de idade feita pelo Ministério da Saúde.
Segundo a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), o HPV é considerado o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esse tipo de câncer constitui um grave problema de saúde pública no mundo, e no Brasil a situação não poderia ser diferente. Ainda de acordo com a Fiocruz, 11% de todos os casos de câncer que acometem as mulheres são causados por HPV.
[caption id="attachment_3451" align="alignleft" width="300"] Tabela INCA sobre incidência do HPV[/caption]
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer do colo de útero é o segundo tipo que mais atinge as brasileiras, atrás apenas do câncer de mama. Segundo dados do instituto, a região Centro-Oeste tem uma incidência de 28 casos do câncer do colo de útero a cada 100 mil habitantes. A doença manifesta-se a partir da faixa etária de 20 a 29 anos, aumentando seu risco rapidamente até atingir o pico etário entre 50 e 60 anos.
Existem dois tipos de vacinas oferecidas no Brasil. Uma delas é a vacina quadrivalente, que protege contra as variações 6, 11, 16 e 18 do HPV e é indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos. Já a bivalente protege contra o HPV 16 e 18 e é para meninas e mulheres de 10 a 25 anos. Pelo SUS será oferecida a vacina quadrivalente administrada em três doses, a primeira na data escolhida, a segunda após 60 dias e a última seis meses depois. A proteção possui duração de cinco anos, e apesar da medicina considerar uma possível dose de reforço, a possibilidade ainda não é comprovadamente necessária.
Assista ao vídeo veículado pelo Instituto Oncoguia com a explicação da Doutora Luisa Lina Villa sobre a diferença entre as vacinas:
http://www.youtube.com/watch?v=Dh7YAF2S3bA&feature=player_embedded
A quadrivalente é a mais indicada, pois é comprovado por pesquisas da Fiocruz que em 70% dos casos de câncer do colo de útero há vestígio dos subtipos 16 e 18. Para as famílias mais preocupadas é importante ressaltar que ela não possui efeitos colaterais graves. Os efeitos adversos mais relevantes são mal estar, parecido com os sintomas da gripe, e dor no local da injeção.
Exemplo disso é o caso da estudante Talita Breda, de 16 anos, que tomou a vacina em 2010 por preocupação de seus pais. Na ocasião, sua mãe ficou sabendo da profilaxia através da família e procurou um ginecologista para que todas as medidas fossem tomadas.
No Brasil, a vacina já era oferecida em clínicas privadas, sendo receitada pela grande maioria dos ginecologistas. Segundo a ginecologista Maristela Vargas Peixoto, todos devem tomar a vacina, desde a criança que ainda não teve relação sexual até quem já teve. “O custo da vacina é alto, mas é uma questão de prioridade por parte dos pais. A vacina tem o mesmo custo, por exemplo, de uma escova progressiva”, ressalta.
O apoio da família é uma das preocupações do Ministério da Saúde, já que apenas a vacinação não impede o problema. Além da injeção, ainda é necessário o uso do preservativo durante as relações sexuais futuras e a realização do exame preventivo de Papanicolau, fundamental para o rastreamento do vírus e de possíveis doenças como o câncer do colo do útero.
Texto: Cynthia Paludeto
Foto: Izabela Borges
Edição: Gabriela Pavão