Algo muito comum de se ouvir dos políticos é que eles representam o povo, por terem sido eleitos pela população. Mas o quanto esses políticos de fato representam a população? Campo Grande tem 11 vereadores, todos são heterossexuais, 10 são homens e apenas dois são negros. Vereadores que não refletem a diversidade da população campo-grandense. O Censo Demográfico 2022 revelou uma discrepância significativa na representação. A pesquisa mostrou que a maior parte da população de Mato Grosso do Sul é composta por mulheres. De 2.757.013 pessoas, 1.400.498 (50,8%) são mulheres. Além disso, a população indígena em Campo Grande soma 18.439 pessoas. A diversidade demográfica não se reflete nas cadeiras da Câmara Municipal.
Estes políticos não representam adequadamente a diversidade dos moradores de Campo Grande. A eleição deles foi democrática, ou seja, o povo, ou uma parcela significativa da população, os colocou nessa posição de prestatividade política. Isso nos leva a questionar se nós, eleitores, somos progressistas em nossos discursos, mas conservadores em nossos votos.
Há uma disparidade entre discurso e prática eleitoral. A sociedade clama por mais inclusão e representatividade, mas, no momento de votar, parece que não escolhemos candidatos que refletem essa diversidade. Realmente avaliamos os candidatos com base em sua capacidade de representar diferentes segmentos da população? Ou estamos presos a padrões conservadores que perpetuam a falta de representatividade?
A responsabilidade não é apenas dos políticos, mas também dos eleitores. Como eleitores, precisamos fazer escolhas conscientes por candidatos que realmente representem a diversidade e os interesses de toda a população. Somente assim conseguiremos uma democracia mais justa e representativa.
Para avançarmos, é essencial promover maior conscientização política e educacional. Devemos incentivar a participação de mulheres, negros, indígenas e outros grupos sub-representados na política. Precisamos de políticas públicas que facilitem essa inclusão, como o retorno das cotas e incentivos para candidaturas diversas. Somente com uma representação mais fiel à nossa realidade demográfica poderemos construir uma sociedade mais equitativa e democrática.
A representatividade política em Campo Grande está aquém do ideal. A solução passa por uma mudança de mentalidade tanto dos eleitores quanto das estruturas políticas. Devemos nos comprometer com uma escolha mais inclusiva e representativa nas urnas, que reafirme o que pregamos em nossos discursos. A verdadeira democracia só será alcançada quando todos os segmentos da sociedade estiverem devidamente representados nos espaços de poder.