OPINIÃO

As mortes pouco importam

Gabriela Longo11/06/2019 - 18h13
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Em Mato Grosso do Sul, 21 pessoas morreram de dengue até maio de 2019, conforme boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde. Em comparativos, os números só aumentam. Onde está a vacina? Os fumacês não funcionam? Depois de ouvirmos tantas propagandas, proclamadas com clamor por todos os meios de comunicação, tirar a água acumulada das nossas casas não é suficiente? O buraco é mais embaixo.

É só olhar para o lado. Terrenos baldios – e não me refiro aquele terreninho que está guardando para seu filho(a) – que ocupam quarteirões, utilizados para especulação imobiliária, abandonados, se tornam grandes lixões a céu aberto e, em consequência, foco do mosquito. Cadê a fiscalização?

A desigualdade social, que é descarada no Brasil, atrelada a um crescimento urbano desordenado, geram milhares de moradias irregulares e nas piores situações imagináveis. A coleta de lixo não chega em algumas regiões e a água potável também não. Essas são, geralmente, as regiões que têm foco de dengue. Alguém já viu bairro nobre com epidemia? Isso só acontece quando toda a região já está com proliferação.

Usamos os mesmos métodos de contenção do século passado e o aedes aegypti se prolifera como nunca. Segundo o Dr. Rivaldo Venâncio da Cunha, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, “esse entrar na casa, colocar o larvicida onde tem água armazenada, na caixa d’água, jogar o fumacê da epidemia, não está dando certo. Essa metodologia está falida. Nós temos que procurar algo, de fato, inovador”. O fumacê, veneno jogado ao meio ambiente, mata o mosquito que está voando, mas mata também a borboleta, a lagartixa, a abelha, acaba com o ecossistema e apenas ameniza, momentaneamente, a epidemia. Não é a solução que querem nos fazer crer. É paliativa. O buraco é mais embaixo.

A torcida japonesa, na copa de 2014, recolheu todos os seus copos e garrafas descartáveis da arquibancada após o jogo. O problema está no mosquito ou em nós, brasileiros, que não temos educação, em especial, ambiental?

Algumas reais soluções estão surgindo, entre elas os mosquitos transgênicos. A Wolbachia nada mais é que uma bactéria, utilizada como vacina no mosquito fêmea que, quando reproduzir, transmitirá a bactéria para os filhotes, que não terão como contrair o vírus. Por que não foram testados ainda?

Estamos contingenciando, não é mesmo?

Outra solução é a vacina. A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) está realizando pesquisas que envolvem o tema. Vocês ainda lembram do contingenciamento? No fim, pouco importa quantas pessoas morrem, desde que o dinheiro continue na conta.

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