A educação clama por mudanças e melhorias. No entanto, há quem diga que o caminho para isso seria priorizar algumas áreas do conhecimento em detrimento de outras. O presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou em sua rede social mais uma medida de ignorância que sinaliza para a retirada de investimentos em cursos de humanas como filosofia e sociologia. A justificativa é centralizar os investimentos em áreas que gerem um retorno imediato ao contribuinte, como engenharia e medicina.
A “criminalização”do ensino público no Brasil feito pelo (des)governo Bolsonaro atinge uma nova fase. Este cenário vem se repetindo nas mãos da direita brasileira. Inicialmente, no ano de 2017, Michel Temer sancionou a Medida Provisória (MP) do Novo Ensino Médio que, à princípio, tentou extinguir filosofia e sociologia do currículo de base dos secundaristas, tirando a obrigatoriedade das disciplinas. O ataque agora é contra o ensino superior com o processo de desmonte do pensamento crítico, cortando também 30% do orçamento de Institutos e Universidades Federais.
A marginalização dos cursos de humanidades, por viés ideológico, é inconstitucional. A seguridade da autonomia das universidades federais é garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Diferentemente do que pensa o ministro da educação, Abraham Weintraub, respeitar o contribuinte não se reserva apenas ao que foi proposto, pois as Ciências Humanas representam apenas 1,4% dos gastos do CNPq de 2017, ao passo que as Engenharias recebem 20%.
Em aulão sobre cortes das áreas de Humanas, organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia (Cafil) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no final do mês de abril, a professora do curso de psicologia Thaize de Souza Reis criticou tal medida. “Isso deixa claro uma perseguição ideológica e doutrinadora, justamente, elementos que o governo tanto critica. É mais uma das graves contradições de ações e de palavras do Governo”.
Tem dinheiro para banqueiro, mas não para educação. De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, a dívida pública com outros países e bancos representa quase metade dos recursos do Orçamento Geral da União. Em 2018, foram destinados 1,9 bilhão por dia para o pagamento dessas despesas. Fazer um empréstimo para pagar outro é obviamente uma estagnação. Entretanto, o dinheiro, se direcionado à educação, gera desenvolvimento econômico e social. A insensatez governamental que julga como custo políticas sociais é a mesma que cava a própria cova com déficits no orçamento público.