OPINIÃO

Desordem e Retrocesso

Da disciplina de Jornalismo Opinativo25/05/2019 - 15h03
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Amarras ideológicas. Lixos marxistas. Doutrinação. Balbúrdia nas universidades públicas... Essas são as principais frases de vilipêndio do presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, contra a Educação. O plano do atual governo para a educação tinha como prioridade os ensinos básicos, do infantil ao médio. Para o ensino superior, Bolsonaro dizia que as universidades precisavam gerar avanços técnicos para o país por meio de parcerias e pesquisas com a iniciativa privada. No plano de governo apresentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele defendeu a diminuição de cotas e concursos públicos.

No discurso de posse no congresso nacional, como Presidente da República , disse que foi eleito por aqueles que desejam “preparar os seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política”. Não sendo o bastante, Bolsonaro deixou nítido que não quer formar estudantes críticos. “Queremos que a garotada comece a não se interessar por política”.

Dessa forma, o Presidente deixa claro que o seu objetivo é reduzir os recursos para a educação. Assim, no dia 26 de abril, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, discursou: “a função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de impostos”. Bolsonaro e Weintraub afirmam a redução de verba para os cursos de filosofia e sociologia, pois a aprendizagem mais importante para o estudante é “ler, escrever e fazer contas”. E como o Presidente não consegue ter suas próprias ideias para o futuro do Brasil, ele usou o exemplo de outro país para afirmar suas decisões, o Japão que, segundo ele, cortou recursos do pagamento de impostos para cursos de elite das universidades públicas, como filosofia. Realidade muito diferente do Brasil. “Devemos focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”, afirmou o chefe da Nação.

Atacar a educação sob o pretexto de acabar com a doutrinação ideológica é uma forma de arruinar a própria organização da classe trabalhadora desde a sua base. Do mesmo modo, é inadmissível o presidente não querer o debate político, social e da diversidade que emerge no ambiente educacional que, apesar de suas diversas contradições, produz experimentações de novas vivências sociais.

Outrossim, no dia 30 de abril, o Ministério da Educação anunciou a contingencia do corte de 30% na verba de instituições de ensino federais, sob a justificativa de crise financeira. Os impactos da redução serão extremamente severos no ensino superior, embora não esteja muito bem definido como isso ocorrerá. 

A raiz do problema está ligada à perpetuação da ideologia dominante. Ao proferir um discurso contra a ideologização do ensino, o governo Bolsonaro está na realidade, reproduzindo sua própria ideologia. Isso implica uma defasagem na educação pública que atinge diretamente as classes mais populares. A privatização do ensino privilegia o capital estrangeiro, valorizando uma educação para o mercado de trabalho, em detrimento de uma formação crítica. Diante disso, fica evidente que a pauta da educação nesse governo refere-se a uma formação alienante, disseminadora da desigualdade social.

 

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