Os acadêmicos da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul deixaram claro na semana do dia 13 de maio que não vão simplesmente aceitar o “contingenciamento” imposto pelo governo. Ocuparam o bloco 6, protestaram numa manifestação histórica junto com professores, servidores, técnicos, sindicalista e a população, bem como mostraram em praça pública que não há balbúrdia na UFMS, mas sim pesquisa de qualidade.
Marcelo Augusto Turine, atual reitor, elogiou a pacificidade e elegância das manifestações, na audiência pública do dia 16 de maio. Contudo, não acredita que greve ou ocupação possam ser o caminho certo para conseguir que o Ministério da Educação (MEC) recue na sua decisão. Para ele, os representantes do estado na bancada federal podem reverter a situação. Além disso, Turine está contando com o “bom senso” das concessionárias de água e luz para que não cortem o seus serviços depois que a universidade ficar inadimplente.
Pode ser por ingenuidade ou por medo, mas com certeza não é sábia a estratégia do reitor. Segundo seus próprios cálculos, com o corte de 51,77% a UFMS não passa de setembro. Ceder à politicagem para resolver o problema é praticamente aceitar a evidente chantagem para a reforma da previdência. Projeto esse que Jair Bolsonaro precisa emplacar para garantir sua governabilidade, e mostrar que faz algo além de viajar pelo mundo e dar declarações polêmicas semanais. Não há tempo, os dias da UFMS estão contados. A passividade, o receio e a demasiada cautela da administração servem para reforçar a ideia de que não tem como ir contra o governo, que a democracia está em risco. O Brasil ainda é um Estado democrático de direito, é preciso que lutemos pela garantia da educação pública, gratuita e de qualidade.
É inadmissível um Presidente da República atacar manifestantes, chamá-los de idiotas úteis e desmoralizar um movimento que foi pacífico, inspirador e histórico. Diante desse caos desenfreado, não há outra alternativa senão se impor. Mostrar que quem decide as diretrizes do país é o povo e não um homem que vive numa grande alucinação com comunistas e perseguição midiática pautada por fake news.