OPINIÃO

Segregados dentro da sigla

Maria Eduarda Boin e Frederico Diegues 8/06/2019 - 16h25
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No âmbito da comunidade LGBT, existem diversas questões, umas já bem estudadas e outras nem tanto. O fato é que fora dessa comunidade, os olhares costumam ser perversos e desinteressados e isso atinge, principalmente, os transexuais. Aqui em Campo Grande (MS), a realidade dessa comunidade carrega muito mais peso e dor do que apenas ser o T das letras coloridas de um arco-íris representativo.

Adentrar essa parcela do LGBT, por pesquisas e entrevistas para um trabalho, foi um grande banho de água fria. Não é por fazer parte de uma dessas letras que você (ou eu) tem consciência do que se passa em todo o “abecedário” dessa comunidade e pode não ajudar a levantar diversas bandeiras, como: a do T (transexuais). Para não soltar a mão de ninguém, é preciso primeiro ter segurado em alguma. Ao conversar com um homem e uma mulher trans, Flamarion e Lua, para o mesmo trabalho aqui em Campo Grande, a falta de união dentro do próprio movimento LGBT ficou óbvia. Eles relatam que tudo é jogado para o lado da marginalização de transexuais e travestis. Além disso, o afronte dentro da própria comunidade também se dá pelo órgão genital, para ser transexual não necessariamente precisa de intervenção cirúrgica e as demais letras não entendem isso. Mas, nem é preciso muita pesquisa e conversa para enxergar isso, já parou para pensar na sua ideia de travesti? 

O Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis e, como um bom estado interiorano, o Mato Grosso do Sul é o mais transfóbico do Centro-oeste (Grupo Gay da Bahia). É meio esperado que dentro dos vidros fumês de hilux brilhantes na Afonso Pena não passe informações de como lidar com avanços e mudanças mundiais que não sejam as novas máquinas agrícolas.

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