Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que o número de mulheres nas eleições deste ano é 46,5% maior do que em 2010. Em Mato Grosso do Sul houve um aumento da participação feminina na política, com três candidatas eleitas este ano para deputadas estaduais. No pleito anterior, foram duas. O aumento do número de candidatas mostra que a quantidade de eleitas não avançou de forma significativa.
O número de mulheres na política brasileira é baixo se comparado a outros países. O Brasil ocupa o 156º lugar em um ranking de 188 nações sobre igualdade de gêneros na política, realizado pela União Interparlamentar. Nas eleições deste ano, do total de candidatos do Brasil, as mulheres representaram 28,9% dos concorrentes, de acordo com o Sistema de Divulgação de Candidatura do TSE, DivulgaCand 2014. Segundo o Portal EBC, 11% das candidatas se elegeram em cargos nestas eleições.
A socióloga Nathália Ziolkowski acredita que existem fatores que impedem a participação da mulher na política, como a falta de apoio financeiro às candidatas. Outro problema são os partidos políticos que trazem características "conservadoras e machistas, aquele discurso ‘mulher não se interessa por politica’ perdura, embora elas tentem se inserir de diversas formas, e mostrem qualificação no debate”.
Além dos partidos políticos e iniciativas oficiais, como a lei de cotas, Nathália Ziolkowski acredita que a sociedade civil é responsável pela inserção feminina na política. Ziolkowski destaca que a candidata não deve ser apenas mulher, e sim que deve se preocupar com assuntos que atendam a este grupo. "Existe a situação de candidatas que não tem sensibilidade para a própria pauta da mulher na política ou a equidade de gênero".
A candidata Stéfani Santana concorreu ao cargo de deputada estadual nas eleições deste ano. Ela defende a inserção de pautas direcionadas a mulheres na política, como o enfrentamento a violência e a descriminalização do aborto que, para Santana, é uma questão de saúde pública e de autonomia em relação ao corpo feminino.
Stéfani Santana comenta que o caminho para a política é árduo. “Para as mulheres é negado o espaço político, o espaço de uma figura pública”. Um exemplo disto é que o processo atingiu minimamente a cota para mulheres e, para Santana, um aspecto positivo é que esta ação força o debate entre os partidos e organizações.
Das 24 vagas disponíveis para a Assembleia Legislativa do Estado nas eleições de 2014, três foram ocupadas por mulheres, cerca de 15%. Neste caso, quando comparado às últimas eleições, houve um aumento de 50% na participação feminina, quando duas mulheres se elegeram em 2010.
Mara Caseiro foi eleita deputada estadual em 2010 e reeleita este ano. Ela afirma que, mesmo com este aumento, a situação é desanimadora. “Apesar de haver cotas para mulheres nos partidos, nem todas entram na política com intenção de se eleger”.