MULHER

Campo Grande cria Fundo Municipal de Enfrentamento à Violência e Promoção dos Direitos da Mulher

Os recursos serão aplicados pela Subsecretaria de Políticas para a Mulher que, em 2018, registrou 10.412 atendimentos psicossociais

Fernanda Venditte, Julia Renó e Mara Machado13/11/2018 - 08h55
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A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou a criação do “Fundo Municipal de Enfrentamento à Violência e Promoção dos Direitos da Mulher”, instituído pela Lei n. 6.104 de 18 de outubro de 2018, para captar e aplicar os recursos financeiros em apoio às políticas públicas para as mulheres. De acordo com a Lei, o fundo visa contribuir e assegurar ações que promovam igualdade de gênero, além de garantir a prática dos direitos, o combate à violência contra a mulher e a autonomia da população feminina por meio das capacitações. O programa é vinculado à Subsecretaria de Políticas para a Mulher (SEMU), e os recursos deverão ser aplicados conforme a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e na promoção dos seus direitos.

De acordo com informações da superintendente da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Campo Grande, Sonia Abreu, em 2017 foram atendidas 11.586 mulheres na Casa da Mulher Brasileira e até setembro de 2018 foram registrados 10.412 atendimentos. Segundo a subsecretária Municipal de Políticas para a Mulher, Maritza Cogo o fundo é um auxílio importante, constituído com recursos oriundos de convênios, termos de cooperação ou contratos, de origem nacional ou internacional, que proporciona uma melhor estrutura de atendimento e o fortalecimento da rede. De acordo com a Lei, os recursos podem ser utilizados em programas e projetos de qualificação profissional destinados à inserção ou reinserção das mulheres no mercado do trabalho e no apoio e promoção de eventos educacionais e de natureza socioeconômica relacionados aos direitos das mulheres, além de outras ações como campanhas, seminários e conferências municipais.

Maritza Cogo explica também que é importante oportunizar a essas mulheres a independência financeira. “Muitas vezes elas acabam retornando para o agressor porque elas não têm uma geração de renda, elas não tem trabalho”. Segundo o Panorama da violência contra as mulheres no Brasil, produzido pelo Instituto de Pesquisa Data Senado e pelo Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal, alguns estados como Amapá, Pará, Roraima, Tocantins, Pernambuco e Mato Grosso do Sul arquivaram mais do que instauraram inquéritos policiais relativos a violência doméstica em 2016. São reconhecidas como formas de violência doméstica, pela Lei Maria da Penha, a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

De acordo com pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mato Grosso do Sul é líder nacional em processos de violência doméstica contra a mulher. Em 2017, foram registrados 30,8 processos a cada mil mulheres no Estado. Segundo a subsecretária Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, Luciana Azambuja é importante que os municípios também invistam na defesa da mulher, na criação de mecanismos para a divulgação das formas de violência, empoderamento e ao combate de qualquer forma de violência contra as mulheres. “Infelizmente a violência doméstica é um problema cultural gravíssimo decorrente da cultura ainda totalmente arraigada do machismo, do sexismo e da discriminação contra a mulher presentes em nossa sociedade”.

A psicóloga Thaize Reis afirma que além de auxiliar e proporcionar um melhor atendimento, o Fundo também viabiliza a denúncia das mulheres e apoia ações de conscientização à violência doméstica. “Você prevê a disponibilização de recursos e permite que as políticas sejam de fato implementadas. Com certeza, o fundo representa um grande avanço no combate à violência doméstica”. Ela ainda comenta que é necessário pensar em formas de prevenir e diminuir o fenômeno. “Acho que é fundamental que que essas questões sejam abordadas na escola, falar sobre questões de gênero ao estudantes proporciona uma mudança a longo prazo.”

Para a subsecretária Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, Luciana Azambuja a Lei Maria da Penha trouxe diversos efeitos sociais que produzem impactos no enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres. A subsecretária ainda afirma que iniciativas nesse sentido, voltadas para a prevenção, atenção, proteção, punição e reeducação, como o Fundo Municipal de Enfrentamento à Violência e Promoção dos Direitos da Mulher são muito importantes. “Somente as transformações nas relações sociais, políticas, econômicas, de poder e principalmente culturais vão criar aos poucos mais e mais condições para a busca da igualdade de gêneros e para a diminuição dos índices de violência contra a mulher”.

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