A Câmara Municipal de Campo Grande realizou uma audiência pública no último dia 19 para discutir o uso de águas subterrâneas captadas por poços artesianos na capital. A proibição do uso desses recursos está em esfera judicial. Poços tem sido preenchidos e fechados (tamponados) desde 2012, depois que um decreto municipal regulamentou os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto na capital.
O decreto obrigou os usuários a ligarem suas edificações à rede pública de água e esgoto sempre que esta for disponível e coibiu o uso de fontes alternativas de abastecimento. A empresa Águas Guariroba, que detêm em caráter de exclusividade o serviço em Campo Grande, apontou a existência de 20 mil poços na cidade. Os principais usuários dos recursos são hotéis, condomínios e postos de gasolina.
Do ponto de vista ambiental a preocupação é que a perfuração de poços contamine os reservatórios e aquíferos. De acordo com o geólogo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), Giancarlo Lastoria, isso não acontece quando a obra é bem executada. O pesquisador acredita que a questão a ser tratada não é com relação à qualidade, mas a quantidade de água existente nesses aquíferos.
“Água subterrânea nada mais é do que água de chuva, uma água de qualidade melhor porque não têm resíduo das estações. O que precisamos é explotar aquilo que é recarregado”, defende Lastoria. Para isso ele aponta que é necessário um estudo hidrogeológico dos reservatórios para saber quanto é tirado e reposto, o que pode ser facilitado pelas outorgas.
A gerente de recursos hídricos do Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul), Angélica Haralampidou, afirma que um cadastramento desses usuários está em andamento. “Até então o instituto fazia o licenciamento ambiental desses poços. Hoje nós temos uma resolução informando a todos que não será feito licenciamento e sim a outorga de direito de uso exatamente para que possamos estudar como é que está sendo usada essa água”.