MORTALIDADE INFANTIL

Afecções perinatais são as principais causas de mortes infantis em Campo Grande

A capital registrou 1.391 mortes infantis em crianças com menos de um ano de idade nos últimos dez anos, por causa da desigualdade no acesso aos serviços públicos de Saúde e à ausência de cuidados no pré-natal

João Pedro Buchara; Lizandra Rocha; Douglas Rebelato; Allana Souza21/10/2023 - 15h53
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Campo Grande tem maior número de óbitos infantis por afecções perinatais em Mato Grosso do Sul. A capital registrou 1.391 mortes ocorridas em crianças de até um ano de idade nos últimos dez anos. As principais causas de afecções perinatais são decorrentes do acesso desigual aos serviços públicos de Saúde e a falta de assistência aos exames do pré-natal como o ultrassom morfológico. 

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) resgistrou 39 óbitos neonatais de janeiro a julho deste ano, o que representa 62% das mortes totais registradas em 2022. As afecções perinatais constituem 46% dos casos de mortalidade infantil e ocorrem quando o bebê contrai infecções no período fetal, durante o parto ou pós-parto. Os bebês do sexo masculino têm mais chances de desenvolverem doenças devido às taxas elevadas do metabolismo energético e do crescimento. 

Índice de mortalidade infantil de Campo Grande de ac ordo com o CIEVS-CG
Feito por João Buchara no Infogram

A mortalidade infantil é dividida em neonatal precoce de zero a seis dias de vida, neonatal tardio de sete a 27 dias de vida e pós-neonatal de 27 a 364 dias de vida. A médica ginecologista Obstetra do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap), Nádia Reis ressalta que o pré-natal é o principal exame que previne mortes maternas e neonatais, devido a detecção de fatores de risco como a má formação fetal. "Às vezes a paciente começa a gravidez sem nenhum fator de risco, mas, durante o acompanhamento feito pelo pré-natal, podemos observar alguma alteração que ela possa vir a apresentar como aumento glicêmico, infecções e restrição de crescimento do bebê". Nádia Reis diz que "o fator socioeconômico das gestantes também contribuem para a falta de acesso à saúde pública devido às poucas informações sobre o pré-natal". 

A secretária-conselheira do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren/MS), Lucyana Conceição Lemes Justino explica que os profissionais de enfermagem auxiliam na redução da mortalidade infantil, ao realizar exames preventivos e ações educativas para a gestante. “O enfermeiro faz avaliações e consultas de enfermagem em todos os recém-nascidos. A partir disso, o profissional realiza orientações e atividades como exames físicos, orientações para o aleitamento materno, entre outras atividades”. Lucyana Justino afirma que "um bom acompanhamento médico no pré-natal pode detectar e prevenir possíveis anomalias durante a gravidez, o que garante a saúde da gestante e do feto".

Primeira Notícia · Lucyana Justino, fala sobre os desafios enfrentados pela enfermagem de Mato Grosso do Sul

A assistente social Taline Mara Ricardino comenta que o Sistema Único de Saúde (Sus) tem problemas por causa da falta de profissionais, que impedem o funcionamento adequado de atendimento para as gestantes. "Nós temos que ter consciência de que o Sistema Único de Saúde possui deficiências e limitações e que nossos pacientes são vulneráveis socioeconomicamente e vão ter acesso somente à rede pública, por isso, infelizmente encontramos uma dificuldade relacionada à falta de profissionais nesses hospitais”. Taline Mara explica que as dificuldades realizadas no atendimento à mulher vulnerável socioeconomicamente impactam na qualidade do serviço de saúde oferecido para as gestantes. 

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