VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA

Alunos da Reme de Campo Grande denunciam abusos que sofreram durante a pandemia

As escolas receberam nove denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes nos primeiros dez dias de retorno às aulas

Carla Andréa, Gabriel Neri, Gabriella Gomes e Leandra Mergener26/10/2021 - 21h29
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Crianças e adolescentes de Campo Grande relataram casos de abusos durante o período de isolamento social no retorno das aulas presenciais da Rede Municipal de Ensino (REME) da capital. Os estudantes sofreram violência sexual dentro de casa e ficaram sem meios para denunciar. A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) registrou 2143 boletins de ocorrência em 2020 relacionados a crimes e violência cometidos contra crianças e adolescentes.

Os infratores são familiares ou pessoas próximas ao círculo familiar das vítimas. O cenário mais comum para as violentações é a própria residência da criança. A denúnica por parte das crianças e adolescentes se tornam mais difíceis pelo agressor ser conhecido e pela descrença nas palavras dos menores de idade pelos pais e responsáveis. 

A psicóloga Márcia Paulino explica que a criança apresenta dificuldade em relatar os abusos sofridos, por vezes, possui dificuldades em diferenciar o aceitável como gestos de carinho e atos que se encaixam como crimes de violência sexual. “Onde a criança pode ser tocada, onde não pode, para que ela saiba identificar a situação de violência e a quem recorrer".  Ao ter essas informações as crianças conseguem ter abertura para pedir ajuda e relatar. 

Casos de violência sexual foram relatados nos primeiros dias de retorno das aulas presenciais na REME, seis registros ocorreram nos primeiros seis dias. A superintendente de Gestão e Normas da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), Alelis Izabel de Oliveira Gomes afirma que há uma capacitação dos profissionais que trabalham diretamente com os alunos para que recebam os relatos e repassem para a Secretaria e para o Conselho Tutelar que imediatamente aciona a família e toma as providências no âmbito legal. “É uma rede, porque quando nos chega a denúncia, a primeira coisa que fazemos antes de chegar na escola é acionar o conselho, que tem poder de acionar a família e levar para a delegacia". A Secretaria também encaminha as vítimas a psicólogos para tratamento dos traumas sofridos. 

Primeira Notícia · Juíza Kelly Neves Explica A Diferença Entre Abuso E Violência Sexual

A juíza da Segunda Vara da Comarca de Aparecida do Taboado, Kelly Neves explica que existem duas situações que ocorrem após a denúncia e apuração, quando a família não retira a criança da situação de vulnerabilidade e ocorre o acolhimento institucional, e quando a criança pode ficar com a família. O acompanhamento psicológico ocorre em ambos para que haja um tratamento. “O que nós precisamos fazer é tirar das crianças a culpa e responsabilidade pelo ato danoso, pelas consequências disso ter sido revelado, uma eventual prisão do agressor, quebra de amizades, distúrbios na família. A criança, tudo isso, entende como culpa dela, ela não tem noção, que ela não tinha responsabilidade”. A intervenção psicológica é necessária para que a criança entenda o ocorrido e os traumas causados para que estes não causem consequências na vida adulta.       

SERVIÇO

Para denunciar casos de violência sexual infantil existem os seguintes canais de atendimento:
Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos - Disque 100
Conselho Tutelar (centro) - (67) 3314-4337
Delegacia Especializada de Proteção à Criança - (67) 3323-2500
 

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