SAÚDE

Secretaria Municipal de Saúde registra aumento de diagnósticos de Aids e IST’s

Após ampliação dos locais que oferecem teste rápido, os números de diagnósticos de infecções sexualmente transmissíveis cresceu, sobretudo na população de 15 a 24 anos

Ana Beatriz Rigueti e Vitória Oliveira 2/09/2018 - 18h30
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A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande efetuou em 2017, 39.369 testes de HIV/AidsSífilisHepatite B e Hepatite C, um aumento de 148,54% em relação ao ano de 2016. Os testes realizados revelam que em 2016 haviam 164 pessoas diagnosticadas com o Virús da Imunodeficiência Humana (HIV) e em 2017 novos 255 casos foram confirmados. Em Campo Grande, 144 pessoas foram diagnosticadas em 2016 com Aids. Em 2017, 162 novas pessoas foram registradas com a doença. A sífilis foi a doença que teve o maior aumento no índice de diagnóstico na capital, passou de 563 casos em 2016 para descoberta de novos 1.550 indivíduos infectados em 2017. No caso da Hepatite B, haviam 25 pessoas doentes em 2016 e 42 novos casos foram confirmados em 2017. A Hepatite C possuía registro de 38 pessoas infectadas em 2016. Em 2017, 80 novos pacientes foram diagnosticados. 

A oferta de testes rápidos de infecções virais ou bacterianas sexualmente transmissíveis foi ampliada pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande no ano passado. Em 2016, haviam dois pontos de atendimento e em 2017 o exame passou a ser realizado em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Saúde da Família (UBSF). Ao todo são 66 locais distribuídos na capital. Esta ampliação de locais que ofertam teste rápido foi determinada pelo Ministério da Saúde com o intuito de facilitar o acesso à população. Com maior acesso ao exame, consequentemente, o número de diagnósticos em Campo Grande aumentou em 2017. 

A coordenadora do Programa IST/AIDS, Denise Lima, destacou a facilidade na realização do exame nas Unidades de Saúde de Campo Grande. Além destes locais, na capital existe o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) que é especializado na realização de testes rápidos. O local também disponibiliza apoio psicológico aos pacientes. A gerente administrativa do CTA, Ednar Solete alerta sobre o horário de atendimento. "É aconselhado que cheguem até as 16 horas, para que tenham tempo de realizar todo o procedimento antes do estabelecimento fechar às 17 horas".

O resultado do teste demora cerca de 30 minutos e é realizado com uma pequena amostra de sangue coletado da ponta do dedo. Caso seja confirmada uma presença viral ou bacteriana, todas as unidades de saúde realizam o tratamento gratuitamente. Nos casos específicos de HIV, os pacientes são orientados a ir ao Centro de Doenças Infecto-parasitárias (Cedip), onde receberão tratamento sem custos. O médico Dhynael Motta informa que o tratamento de Aids e HIV é feito com um coquetel de medicamentos, que objetiva manter a carga viral baixa ou zerada no sangue do paciente. Todo atendimento é sigiloso. 

O médico Dhynael Motta explicou que “há um crescimento nos diagnósticos de sífilis, assim como do HIV, da Gonorréia e do HPV". Denise Lima diz que o número expressivo de 1.550 casos de Sífilis descobertos em 2017 “se dá principalmente pela descentralização dos locais que realizam os testes rápidos". Ela relata que desde 2017, 10% das pessoas que realizam o teste rápido em festas ou bairros apresentam resultado positivo para sífilis. Em 2018, Campo Grande registrou 708 casos de Sífilis entre o mês de janeiro e maio. 

A Sesau relatou que os jovens de 15 a 24 anos representam a maioria dos casos diagnosticados de HIV. Denise Lima relata que "os jovens estão no auge de suas vidas sexuais. Geralmente, ingerem álcool e outras drogas que tiram o senso crítico e faz com que muitos tenham relação sexual desprotegida”. Em 2015, Campo Grande registrou 38 casos de pessoas entre 15 e 29 anos que contraíram Aids. No ano passado, 58 novos casos em pessoas desta faixa etária foram registrados. Além disso, 155 jovens foram diagnosticados com HIV em 2017.

De acordo com o site do Departamento de Vigilãncia, Prevenção e Controle de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, caso o índividuo demore a buscar o tratamento do HIV, a baixa imunidade favorece o aparecimento de doenças oportunistas que se aproveitam da fraqueza do organismo, o que ocasiona o desenvolvimento do estágio mais avançado da doença, a Aids.

Dhynael Motta afirma que as pessoas que conviveram com a epidemia de Aids na década de 1980 e 1990 testemunharam muitas mortes. "As gerações seguintes convivem com as medicações, então perderam o temor, porque tem tratamento, o que é perigoso porque ainda assim, não tem cura.” Motta ressalta que a geração atual é descuidadosa pois tem conhecimento da existência do tratamento. Para a coordenadora do Programa IST/AIDS da Sesau "os jovens não têm medo de morrer como a geração mais antiga tem”. Segundo ela, o diagnóstico precoce é essencial para diminuir a cadeia de transmissão de IST’S e Aids.

A agente municipal de Saúde, Thamires Kawano afirma que a maioria dos infectados demora a procurar atendimento médico. "Os indivíduos quando estão doentes ou são portadores, escondem e demoram a procurar atendimento. Demoram a confiar e contar para os profissionais da saúde. No bairro Monte Castelo, onde visito, eles não utilizam o sistema e nem querem se expor para o serviço de apoio”. Denise Lima ressalta a importância da realização de exames íntimos pelo menos uma vez ao ano. 

O Ministério da Saúde tem como meta o projeto 90/90/90, ação mundial para diminuir o índice de Aids. A ação objetiva testar 90% da população. Destes testados, os que apresentarem resultado positivo devem realizar o tratamento. Dos que tiveram atendimento médico, 90% devem estar com a carga viral indetectável. Denise Lima afirma que, desde 2017, a Sesau aumenta o investimento em divulgação do teste rápido para que mais pessoas realizem o exame.

Uma enquete foi feita por meio de formulário disponibilizado na Internet entre os dias 21 de agosto a 1 de setembro e reuniu o total de 228 respostas. O objetivo do questionário foi analisar a consciência sexual da população geral de Campo Grande. A pesquisa revelou que 53,6% dos individuos que respoderam ao questionário fazem exames íntimos pelo menos uma vez ao ano.

Elaborado por Ana Beatriz Rigueti e Vitória Oliveira

Serviço

Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Endereço: Rua Anhandui, 299, Bairro Amambai. O telefone para contato é (67) 3314-3450.

Centro de Doenças Infecto-parasitárias (Cedip). Endereço: Rua dos Coqueiros s/nº, Bairro Parque dos Novos Estados. O telefone para contato é (67) 3314-8289.

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