A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) registrou uma média de 1,8 mil focos de mosquito Aedes aegypti eliminados em Campo Grande durante a campanha "Operação Mosquito Zero – É Matar ou Morrer”. Os agentes comunitários de Saúde (ACS) da Coordenadoria de Controle e Endemias Vetoriais (CCEV) da Sesau realizaram a inspeção de 66,1 mil imóveis nos bairros Guanandi, Jardim dos Estados, Tijuca, Panamá, Novos Estados, Nova Lima, Itamaracá e Rita Vieira. A estratégia da campanha é priorizar os bairros com o maior índice de infestação do mosquito Aedes aegypti ou com incidência de Dengue.
Campo Grande registrou 5.485 casos de Dengue e quatro óbitos provocados pela doença, de primeiro de janeiro a 17 de maio. No mês de abril foram 1.697 casos, um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado, com 828 notificações de Dengue, enquanto os casos de Zika e Chikungunya mantêm estabilidade, com nove e 62 registros. Os bairros com os maiores índices de infestação são o Nova Lima, Novos Estados, Chácara dos Poderes, Noroeste, Rita Vieira, São Lourenço, Cruzeiro e Panamá.
De acordo com o coordenador da CCEV, Vagner Ricardo dos Santos o trabalho é desenvolvido de forma simultânea em todas as regiões e a segunda fase está prevista para acontecer no dia 31 de maio em seis novos bairros de Campo Grande. Ele também explica que os agentes comunitários de Saúde (ACS) atuam com trabalho de manejo, vistoria de imóveis, terrenos baldios e com a coleta de materiais que têm potencial para se tornar um criadouro do mosquito. “Os agentes atuam nestas áreas consideradas mais críticas, além de termos a sensibilização da comunidade, considerando que 80% dos focos do Aedes aegypti ainda são encontrados dentro das residências”.
Segundo o gestor do Método Wolbachia em Campo Grande, Antonio Brandão nove bairros de Campo Grande receberam, além da campanha, a quarta fase do Método Wolbachia em abril, que combate a Dengue, Zika e Chikungunya. Ele explica que a capital é uma das cinco cidades do Brasil escolhidas para receber o projeto. “O Método Wolbachia consiste na utilização do próprio Aedes aegypti no combate às arboviroses. Os cientistas verificaram que quando a Wolbachia está no mosquito, ela impede que vírus como Dengue, Zika e Chikungunya se desenvolvam e, consequentemente, impede que o mosquito transmita para outra pessoa”.
Antonio Brandão explica que Campo Grande possui uma fábrica de Wolbitos e que a soltura dos mosquitos é dividida em seis fases. O gestor afirma que 42 bairros da capital recebem o Método Wolbachia. "Ao mesmo tempo em que nós iniciamos a liberação de uma fase, nós também já damos início ao engajamento comunitário da fase seguinte. Esse engajamento é um pilar para o projeto. Ele consiste na conscientização da população para que tenha conhecimento sobre o método que está sendo implementado em seu território".
A moradora do bairro Nova Lima, Érika Mesquita afirma que a campanha, bem como o método Wolbachia, são ferramentas necessárias para a diminuição dos focos de mosquito. Ela explica que a campanha incentivou a limpeza do quintal de sua casa. “Os agentes fizeram a visita e encontraram alguns focos de mosquito que eu sequer sabia da existência. Acho importante esse tipo de ação, porque desperta na gente essa concepção de que nós também temos a responsabilidade de proteger nossa casa e os vizinhos”.
A dona de casa e moradora do bairro Jardim Leblon, Fátima Maria Rodrigues explica que contraiu Dengue em abril de 2021 e foi para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para receber medicação por causa da doença. Ela afirma que elimina possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti em sua casa, e que o terreno baldio que fica atrás de sua residência pode causar a proliferação de insetos e animais venenosos. “Tem mais de ano o terreno daquele jeito, e não tem como denunciar porque não acho um número para ligar”.