TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Baixo número de doações de órgãos e tecidos amplia fila de espera para transplantes

Percentual de potenciais doadores em Mato Grosso do Sul é baixo e lista de espera tem mais de 600 pessoas; transplantes de rim, fígado e córnea são os únicos realizados no estado

Ana Beatriz Leal, Gabriel Diniz, Mateus Adriano e Raíssa Rojas 1/10/2024 - 10h43
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A falta de doações aumenta a lista de espera para transplantes de órgãos e tecidos em Mato Grosso do Sul. A confirmação de doações foi de 22,5% em 2023. A fila de espera pela doação tem mais de 600 pessoas.

Os transplantes de rim, fígado e córnea são os únicos realizados em Mato Grosso do Sul. O transplante de córnea é o mais requisitado, 415 pessoas aguardam pelo procedimento. O transplante de fígado começou a ser feito em 2024 no estado possui e 14 pessoas na fila. A lista de espera para o transplante de rim tem 207 pessoas. 

Segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET), Claire Miozzo é necessário conscientizar a população sobre a importância das doações. “Nada adianta você ter hospital capacitado, equipe, apta e autorizada para transplante, se não tiver o principal que é a doação de órgãos. Porque o transplante só é realizado se você tiver um doador”. 

Dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) mostram o baixo número de doações no estado. Mato Grosso do Sul tinha 200 doadores potenciais em 2023 e, destes, 45 doações foram efetivadas. O percentual de doações efetivadas (22,5%) é baixo, e é o maior nos últimos cinco anos. As famílias de potenciais doadores recusaram o procedimento em 55,7% das entrevistas. 

Janne Mara Sartori aguardou mais de três anos na fila de espera por um transplante de rim. Janne Mara Sartori fez hemodiálise por quatro anos, até a chegada de um órgão compatível.  “Uma família preciosa, mesmo em meio a dor [do luto], disse sim para mim. Hoje, eu não tenho mais restrições de líquidos, alimentos, de viajar com a família, enfim, hoje eu tenho qualidade de vida. E agradeço imensamente a família do doador".

PRIMEIRA NOTÍCIA · Relato Janne Mara transplantada de rim

Segundo a responsável técnica pelo Transplante Renal da Santa Casa, Rafaella Campanholo o transplante finaliza a dependência do paciente da hemodiálise. “É uma terapia que vem de encontro a uma melhor qualidade de vida do paciente. Ele vai sair da máquina, poder se alimentar melhor e aproveitar a família, que ele não conseguia por ter que fazer o tratamento”. 

Mato Grosso do Sul possui nove Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos Para Transplantes (CIHDOTT), presentes em cinco hospitais na Capital e nos municípios de Dourados e Três Lagoas. Os profissionais atuam nas atividades de recebimento e armazenamento dos órgãos e tecidos para os transplantes. 

As pessoas que desejam doar órgãos devem declarar o desejo à família. Segundo a Lei 10.201/2001, a doação só será efetuada mediante a autorização de um familiar e a presença de duas testemunhas. As doações em vida podem ser feitas por parentes de até quarto grau ou cônjuges, desde que haja a compatibilidade. 

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