SAÚDE MENTAL

Mato Grosso do Sul é o estado com terceira maior taxa de suicídio

Prevenção ao suicídio é tema central em debates pró-vida no mês de setembro

José Câmara, Mariana Moreira e Rafaela Moreira 5/09/2019 - 11h30
Compartilhe:

Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde aponta que Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com maiores taxas de suicídios desde 2015. Os dados do Ministério da Saúde demonstram que para cada 100 mil habitantes, 8,5 morrem por suicídio no estado. As campanhas, como conversas sobre proteção à vida, são medidas para ampliar o debate sobre o tema.

Segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo. Na pesquisa foram divulgados dados de lesões autoprovocadas entre os anos de 2011 a 2016 no Brasil, 30.013 em mulheres e 15.455 em homensNo total, 7,1% do sexo feminino e 7,4% do sexo masculino residem no Centro-Oeste.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio são relacionados a algum distúrbio mental. A psicóloga Karla Andrade afirma que o suicídio pode ser evitado por meio do tratamento da depressão e ansiedade. "Falar sobre o suicídio e diagnosticar transtornos mentais são importantes para traçar tratamentos adequados, com eles podemos evitar de forma expressiva as tentativas e a efetivação do suicídio".

Campanha de preservação à vida

A campanha "Setembro Amarelo" é uma ação de prevenção ao suicídio promovida pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Debates, palestras e ações acontecem durante o mês de setembro com o intuito de sensibilizar e conscientizar a população sobre o tema. Conforme informações publicadas pela OMS, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 29 anos. 

Karla Andrade relata que é importante dialogar sobre o assunto e reconhecer os possíveis sinais de alerta, uma vez que o indivíduo pode estar em crise. “Atitudes que fortalecem as pessoas são essenciais, principalmente nos momentos de dificuldade, que às vezes é sujeito a passar despercebido. As pessoas precisam entender que são importantes na vida uma das outras”. 

Liga Acadêmica de Saúde Mental de Enfermagem (Lasme) foi criada em 2014 na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem por finalidade proporcionar ações assistenciais aos acadêmicos e a comunidade, por meio de atividades de preservação à vida e debates sobre saúde mental. A coordenadora docente do projeto, Bianca Giacon Arruda ressalta que a Lasme tem como objetivo transmitir informação e promover o diálogo sobre o suicídio.

A distribuição de fitas amarelas com a frase de incentivo “Sua vida vale a pena” é uma das ações promovidas pela Lasme durante o mês de setembro. A responsável discente por organizar as campanhas da Lasme, Bethania Karoline destaca que a distribuição das fitas amarelas funcionam como um lembrete, a fita tem o significado simbólico de que a pessoa pode procurar apoio e ajuda profissional. “Algumas pessoas não sabem onde procurar ajuda e hoje a Universidade disponibiliza alguns recursos”. 

A distibuição das fitas acontecerão durante a última semana do mês de setembro - Foto: José Câmara

A UFMS disponibiliza plantão psicológico aos acadêmicos da Cidade Universitária, o serviço é de pronto-atendimento em Psicologia e suporte aos alunos. Bianca Giacon afirma que é necessário falar sobre saúde mental e prevenção com acadêmicos.“Se olharmos para nossos adolescentes, vemos a demanda de atendimento, fica claro a necessidade de falar sobre saúde mental e sobre a vida. Não vamos falar só do suicídio, mas também sobre maneiras de prevenção e proteção à vida”. 

Depressão e suicídio

A psiquiatra Danusa Céspedes Guizzo relata que a maioria dos casos de suicídio podem estar ligados à depressão. Para a profissional, depressão é uma doença crônica que acontece devido à alterações neuroquímicas no organismo humano, que representa os sentimentos que os indivíduos possuem. Os sintomas afetam diretamente o comportamento, os sinais são irritabilidade, desânimo, alteração frequente de humor, perda ou ganha de apetite e distúrbios de sono e tratar a doença evita possíveis tentativas de suicídio.

O alerta para uma possível depressão surge quando os sentimentos de angústia, tristeza e solidão se tornam frequentes na vida do indivíduo. A psiquiatra diz que as pessoas que apresentam transtorno depressivo têm maior possibilidade de cometer suicídio.

Danuza Guizzo indica que o tratamento da doença deve ser feito com diferentes profissionais, de forma multidisciplinar e com o objetivo de proporcionar a recuperação do paciente. “A melhor forma de tratamento é o multiprofissional. Um atendimento psiquiátrico, psicológico, terapia ocupacional e a atividade física também é fundamental para a melhora da depressão. Esse é o tratamento ideal”. 

A psiquiatra explica que há dificuldade para encontrar atendimento necessário no Sistema Único de Saúde (SUS). “Muitas vezes, na rede pública de saúde o paciente fica limitado, pois são poucos profissionais, para uma demanda que cresce a cada dia, mas que melhoraria muito se nós pudéssemos contar com a ajuda de outros profissionais, que são insuficientes na rede pública”. 

Serviço:

O Plantão Psicológico da UFMS acontece todas as quartas e quintas-feiras, das 7h às 11h e das 13h às 17h. O atendimento é gratuito, por ordem de chegada e com vagas limitadas para cada período.

O  Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e de prevenção ao suicídio. O atendimento é gratuito e destinado aqueles que querem conversar, o canal de comunicação é feito pelo telefone, ligue 188. 

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) oferecem atendimentos psicológicos em diferentes pontos da cidade. 

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também