SAÚDE MENTAL

Campo Grande tem 20% do número recomendado pelo Ministério da Saúde de leitos psiquiátricos

Os leitos são usados em casos de risco a própria pessoa, como suícidio, crises psicóticas, risco ao próximo, em casos de agressividade, e também em casos de dependência química

Ana Beatriz Leal, Gabriel Diniz, Mateus Adriano e Raíssa Rojas18/10/2024 - 09h54
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Campo Grande possui número de leitos psiquiátricos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (Sus) abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde. A capital possui 78 leitos psiquiátricos disponíveis pelo Sus. O município teve redução de 56% em relação ao ano de 2024, quando haviam 184 leitos disponíveis.

O Ministério da Saúde recomenda a existência de um leito a cada 2,3 mil habitantes. Os leitos são usados em casos de internações por tentativas de suicídio e crises psicóticas. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) e o Hospital Nosso Lar são os únicos hospitais que disponibilizam vagas para as internações.

Segundo a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Ana Julia Souza, é importante identificar os motivos das internações. “Precisamos entender primeiro porque esses pacientes estão entrando em crise, quais os fatores que o levaram a esse estado, para então perceber a importância de leitos disponíveis. Estamos sempre pensando em estratégias para o que fazer com o paciente por conta da falta de leitos”.

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O professor da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e médico psiquiatra Kleber Meneghel destaca que o HRMS possui 12 leitos psiquiátricos disponíveis pelo Sus, o que não abrange a demanda. “Nosso índice é muito inferior ao considerado ideal. Existe uma demanda reprimida muito grande, o que dificulta em atender os pacientes e continuar o tratamento da forma mais adequada”.

Vargas explica que o Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) "precisa valorizar o assunto", e um "ponto de alerta" é a saúde mental da população. “As gestões precisam entender a necessidade dessas ferramentas, leitos, Caps, remédios antidepressivos, ambulatórios especializados, facilidade de acesso. Tudo isso ajuda na praticidade e positividade do tratamento dos pacientes”.

João Marcos Gonçalves precisou de leito para tratamento, e foi transferido para um Caps pela falta de vagas. “Onde eu fui não comporta todas as pessoas que precisam, infelizmente. Já vi gente indo lá e não conseguindo leito também, igual eu, apesar do atendimento ser muito bom, ainda são poucos leitos pra gente”.

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