HOSPITAIS PÚBLICOS

Hospitais públicos de Campo Grande registram superlotação

A capital registrou 7.129 pessoas internadas em hospitais públicos, que tem capacidade para 2.499 internações, de janeiro a julho deste ano, o que representa cerca de 270% de superlotação

João Pedro Buchara; Lizandra Rocha; Douglas Rebelato; Allana Souza29/09/2023 - 20h22
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Campo Grande registra superlotação em leitos públicos hospitalares. A capital registrou 7.129 internações, com 2.499 leitos disponíveis de janeiro a julho deste ano. A Santa Casa  tem o maior número de pessoas internadas, com uma média de 70 a 100 internações diárias.

Mato Grosso do Sul tem 5.827 leitos hospitalares, com 3.952 destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os hospitais públicos do estado contabilizaram 17 mil internações em leitos cirúrgicos, clínicos e obstétricos, principais áreas de superlotação. Os municípios de Dourados e Três Lagoas também estão com falta de leitos. 

O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS) tem 212 leitos de internação cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), com ocupação de 80 a 100%.  A chefe do Setor do Paciente Crítico, Raquel Tauro explica que o Pronto-socorro tem superlotação de acordo com o setor e a quantidade de pacientes encaminhados para o hospital. “O Pronto-socorro pediátrico tem uma determinada taxa de superlotação que estava muito pior no começo do ano, melhorou um pouco em maio, mas voltou a piorar nos últimos meses. Atualmente a situação está mais controlada, mas já chegamos a ter uma superlotação de 300%, porcentagem que nunca tínhamos visto antes”. 

 

Primeira Notícia · Doutora Raquel Tauro fala sobre as áreas superlotação no Hospital Universitário

O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) tem 362 leitos de internação registrados no CNES, a instituição tem entre 100 a 120% de ocupação de leitos desde a pandemia da Covid 19, porcentagem acima da capacidade estrutural , que contabiliza 293 mil atendimentos por ano. A cabeleireira de Chapadão do Sul, Simone Rosa Resende explica que trouxe a mãe para ser internada no Hospital Regional devido a falta de equipamentos e medicamentos necessários para tratar os coágulos no pulmão decorrentes da Embolia Pulmonar. “Nós tivemos que esperar dois dias até os médicos encontrarem um leito para minha mãe por meio da Vaga Zero utilizada em casos de urgência. A fila de espera nos hospitais da capital é muito grande, o caso da minha mãe poderia ter piorado caso a vaga estivesse indisponível”. 

O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed/MS), Marcelo Santana explica que a superlotação é causada pelo pouco número de leitos em relação a demanda. "Sabemos que o número de leitos em Campo Grande não é adequado à população, inclusive os leitos a longo prazo que diminuiu ao longo dos anos. Houve um aumento de leitos no período da Covid 19, mas aparentemente isso não foi sustentado e o hospital que tem a maior taxa de superlotação atualmente é a Santa Casa porque é o hospital de trauma do município e referência para o estado". Marcelo Santana ressalta que a área de maior impacto nos antendimentos é o Pronto-socorro, que devido à falta de leitos, os pacientes precisam aguardar a vaga em outros setores do hospital.

O número de leitos nos hospitais da capital está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que deve ser de três a cinco leitos para cada mil habitantes. A vereadora Luiza Ribeiro  ressalta que “a criação de um Hospital Municipal público é importante para aliviar a superlotação nos outros hospitais públicos”. A vereadora explica que a maioria das reclamações nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) é devido a falta de vagas nos hospitais da capital.

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