CHIKUNGUNYA

Casos de Chikungunya aumentam mais de 400% no Mato Grosso do Sul

Secretaria de Estado de Saúde notificou mais de 1,2 mil casos no estado, e Ponta Porã é o município mais afetado pela doença; o número de casos é o maior desde o início da média histórica, registrada desde 2014

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur, Maurício Aguiar18/11/2023 - 23h53
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Infecção pelo vírus Chikungunya aumentaram 461% no Mato Grosso do Sul em 2023, em comparação aos dados relativos a 2022. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) registrou 1.298 casos no estado entre janeiro e novembro deste ano, em comparação com 260 ocorrências registradas no ano passado. Mato Grosso do Sul é o quarto estado com a maior incidência da doença.

O número de casos com sintomas de Chikungunya, que inclui os casos confirmados e os casos em investigação, ultrapassa três mil registros. O maior número de ocorrências desde o início da medição em 2014, quando foi identificado o primeiro caso de infecção pelo vírus no estado. Ponta Porã representa 54% dos casos confirmados em 2023, com 708 notificações. 

Chikungunya
Infogram

Boletim Epidemiológico, emitido pela Diretoria de Vigilância em Saúde da SES, aponta que Coronel Sapucaia é o município com a maior incidência de casos prováveis, e lidera a lista do boletim de 12 cidades em alerta vermelho no estado. O coordenador de Controle e Zoonoses da SES, Mauro Lúcio Rosário destaca que a Chikungunya é um vírus de rápida propagação e que encontra condições propícias para o contágio no estado, como as altas temperaturas e chuvas passageiras. “Nós temos condições muito favoráveis, não só para o vetor como também para a propagação da doença. A Chikungunya aqui no estado está muito bem instalada e nós tememos uma epidemia paralela de Dengue e Chikungunya, e nós não temos essa experiência, tivemos experiência com a Dengue. Como seria uma epidemia junto de Dengue e Chikungunya? Uma coisa temos certeza, vai ser um desastre se acontecer”. 

Primeira Notícia · Coordenador de Controle e Zoonoses, Mauro Lúcio comenta sobre o combate ao Aedes aegypti

Rosário explica que a semelhança entre os sintomas das infecções por Chikungunya e Dengue favorece a subnotificação de casos pela doença no estado. “O que difere a Chikungunya da Dengue é o comprometimento das articulações, elas ficam inchadas e a dor é intensa. Uma pessoa com Chikungunya, se agravar o caso, ela pode ficar acamada até mais de um ano, sem se locomover”. O coordenador ressalta que as arboviroses causam prejuízos socioeconômicos, e que grande parte dos recursos da Saúde voltados ao combate às doenças são destinados ao tratamento, em prejuízo da prevenção. “A gente tenta, através de todas essas ações, fazer com que as pessoas compreendam que a prevenção é o melhor remédio”.

O médico infectologista Alexandre Albuquerque Bertucci explica que os principais sintomas da infecção por Chikungunya são febre, dor muscular, dor articular e inflamação das articulações. A doença evolui em três diferentes fases, aguda, subaguda ou crônica, a depender da duração dos sintomas. “O curso agudo vai até 14 dias e pode evoluir até a fase subaguda, com até três meses ou até a fase crônica, com dores crônicas e inflamação das juntas por até meses ou anos. Todas as doenças virais podem causar inflamação no coração, rins, fígado e sistema nervoso central, nessas condições indica-se internação, também nos casos de dor intensa”. 

O coordenador de Controle e Zoonoses da SES, Mauro Lúcio Rosário alerta que 80% dos focos de Aedes aegypti, principal vetor do vírus Chikungunya, estão nas áreas residenciais. O agente de Combate às Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), Eduardo Simões adverte que a população deve ficar atenta com recipientes que acumulam água e realizar o descarte correto de focos com larvas do mosquito. “É o momento que nós temos o ponto de enfrentamento com o mosquito, se evitarmos que esses recipientes acumulem água nós conseguimos evitar que esse mosquito se desenvolva. Já achamos focos em fossa, então sabemos que essa história de água parada limpa já não é mais tão verdade assim. Qualquer água parada é suficiente para o mosquito”. 

Vacina 

Campo Grande é uma das áreas endêmicas do vírus Chikungunya onde são realizados testes da vacina contra o vírus, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório de biotecnologia francês Valneva. Os testes são realizados com apoio do Hospital Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) na capital. Segundo a assessora de Imprensa do Instituto Butantan, Aline Tavares o Instituto deve submeter o pedido de aprovação da vacina para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro semestre de 2024. A vacina apresentou eficácia de 98,9% nos testes clínicos realizados nos Estados Unidos

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