De acordo com os boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), o município de Batayporã acumula 381 casos prováveis e mais de 350 casos confirmados. O levantamento mostra que Mato Grosso do Sul está entre os dez estados do Brasil com a maior incidência de casos, jovens e crianças, com idades entre 10 e 29 anos, são os mais atingidos pelo vírus, e 42 municípios estão em alerta vermelho para a doença causada pelo mosquito Aedes Aegypti.
Infogram
Segundo a secretária de Saúde do município de Batayporã, Letícia Rodrigues Sanches são realizadas ações educativas para a população. “Desde novembro de 2022 estão sendo realizados mutirões para a eliminação de focos da Dengue e combate ao mosquito. As orientações à população de Batayporã quanto aos cuidados que devem ser tomados se intensificaram também”. Segundo ela, foram realizados bloqueios UBV, método de contigência dos vetores realizados em uma distância de 150m nos locais de casos confirmados, e carro de fumacê nas regiões com maior número de casos, como a região central e o bairro Vila Maria Gonçalves.
De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde da SES, Larissa Castilho, a Secretaria presta apoio a todos os municípios na vigilância epidemiológica e controle de vetores. Larrissa Castilho destaca que as altas temperaturas, as chuvas fortes dos últimos meses e o clima favorecem a proliferação do mosquito e dos criadouros. “O estado de Mato Grosso do Sul é endêmico para a Dengue devido ao clima. Não podemos deixar de cuidar e alertar sobre a prevenção de uma doença a qual temos todos os fatores que favorecem a proliferação”. A diretora explica que as secretarias de Saúde, Educação e de Infraestrutura e Logística estão envolvidas diretamente nas ações de combate ao mosquito e a doença pelo estado.
Para a professora de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Juliana Galhardo o fumacê é um método químico de eficácia mediana, pois atinge apenas o mosquito vetor adulto. A professora explica que o inseticida utilizado nos fumacês é diluído em água e perde sua eficácia em dias de chuva. “Você pode perceber que não se usa o fumacê a qualquer momento, e nem em qualquer lugar. Geralmente se usa como parte da estratégia em áreas com alta densidade do vetor adulto, porque é ele que entra em contato com o veneno e morre. Para a larva e o ovo não serve. Outro problema em relação ao fumacê é que o tipo de inseticida usado é diluído em água, então se for aplicado no momento de chuva, vai ser diluído ainda mais e não atinge o objetivo de eliminar os mosquitos”.
Segundo Galhardo, as ações de combate às doenças causadas pelo Aedes Aegypti devem ser integradas entre controle do vetor e conscientização da população. “Quanto mais aumentam as chuvas, maior a capacidade do mosquito se multiplicar. Acúmulo de água, bueiros sem escoamento adequado, calhas entupidas, construções abandonadas e objetos que acumulam água são agravantes para a proliferação”. De acordo com informações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), não existe um tratamento específico para a Dengue ou Dengue em estágio grave, no entanto a taxa de letalidade diminui para 1% quando há acesso ao tratamento adequado para a doença. Galhardo explica sobre a letalidade da Dengue em estágio grave e e as reações do organismo ao entrar em contato com o vírus.
A cidade de Campo Grande registrou 408 casos de Dengue confirmados e uma morte, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES). As equipes de agentes do Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), fazem a fiscalização diária por focos da Dengue nas casas e terrenos abandonados em todas as regiões da capital. O coordenador de Controle de Endemias Vetoriais, Vagner Ricardo dos Santos explica sobre a ação do combate ao Aedes aegypti, "o plano de contingência das arboviroses nos orienta a traçar estratégias e estudar as localidades que precisam de atenção, e o bairro Universitário é um exemplo deles, porque há um número considerável de casos e infestação do mosquito’’.