Campo Grande têm registrado elevado número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principalmente em crianças com idade entre um e nove anos. Hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde o final de março, estão sem leitos pediátricos disponíveis. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) registraram aumento de 30% na demanda por atendimento nas alas de Urgência e Emergência da rede pública, que causa uma sobrecarga na capacidade de internações na capital.
O aumento dos casos de doenças respiratórias provoca uma sobrecarga nas unidades de Pronto Atendimento, hospitais e postos de Saúde. A superlotação resulta em fila de espera de vinte crianças para transferência hospitalar, em decorrência da falta de leitos. O quadro funcional das unidades de urgência foi reforçado em caráter emergencial e as Unidades de Saúde da Família (USF) passaram a realizar atendimento de pacientes com sintomas leves de síndromes respiratórias, para conter o surto.
O secretário municipal de Saúde, Sandro Benites informou que a Prefeitura de Campo Grande realizou uma solicitação entre hospitais filantrópicos e particulares para ampliar a oferta de leitos. O assessor da Santa Casa de Campo Grande, Lucas Cavalheiro confirmou a disponibilização de 10 novos leitos pediátricos para uso público, a partir da concessão, em caráter provisório e emergencial, de uma ala da unidade de saúde. “Para atender a demanda, o hospital disponibilizou um espaço, que já estava sendo revitalizado, para assistência pediátrica, e aguarda a contratação dos serviços pela Prefeitura”.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) contabilizou mais de 900 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no público infantil neste ano. Do total, 147 em decorrência do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos. De acordo com informações da assessora de Comunicação da Sesau, Bruna Kaspary em Campo Grande foram registrados três óbitos por VSR em crianças menores de um ano, em 2023.
A Sesau adotou medidas de prevenção para reduzir o número de casos, após o início do surto, e retornou com a recomendação do uso de máscaras de proteção nas escolas municipais de ensino infantil, e orientação aos pais para que, na apresentação de quadros gripais, deixem de levar os filhos ao colégio para evitar a proliferação de doenças. A dona de casa Clarisse Machado comentou que levou o filho de seis anos para a UPA da Coronel Antonino, na capital, assim que percebeu a intensificação dos sinais de gripe. “Ele está apresentando muita tosse e febre desde ontem, e eu fiquei sabendo que vários amiguinhos da escola estão com esse mesmo problema.”
A médica infectologista Ivone Martos explica que as doenças respiratórias em grau leve podem causar dores no corpo e mal estar, e os casos mais graves diagnosticados como SRAG, podem tornar necessário a internação do paciente. “Os pacientes podem apresentar diferentes níveis de gravidade da enfermidade, sendo necessários tratamentos específicos para cada um”. Ela afirma que as principais formas de prevenção são lavar as mãos com água e sabão com frequência, usar álcool gel 70% regularmente, manter os ambientes arejados e de utilizar máscara de proteção em locais fechados.
O coordenador de Imunização da Sesau, Evandro Ramos aponta que o baixo índice de vacinação contra a gripe durante os últimos dois anos é um dos fatores que explicam o surto de doenças respiratórias. “Em 2022, apenas 43,4% de todo o público-alvo buscou pela vacinação, e na atual campanha contra a Influenza, apenas 3.265 crianças de até seis anos receberam a dose até o dia 14 de abril, o que equivale a 4,67% do público estimado”. Ramos informa que o confinamento causado pela pandemia de Covid-19 afetou a imunidade da população, e está relacionado a atual crise respiratória em crianças.