Funcionárias que tem dores intensas durante a menstruação podem solicitar benefício de licença remunerada em empresa de tecnologia de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul. O benefício concede licença de até dois dias consecutivos para mulheres que se sentem prejudicadas pelos sintomas do período pré menstrual. O benefício é inédito no Brasil, sem a necessidade de apresentar atestado médico.
A implementação da licença menstrual reconhece as divergências biológicas da mulher. O período menstrual afeta o rendimento na execução das demandas trabalhistas. A licença menstrual concede um descanso e compensa na produtividade nos demais dias. A Legislação Trabalhista Brasileira não reconhece o benefício.
A empresa de tecnologia Digix, responsável por adotar a licença remunerada, está no mercado desde 2001. A instituição emprega 800 funcionários, destes 503 são do sexo feminino. Na empresa, 63% das posições de liderança são ocupadas por uma mulher.
A fundadora e diretora executiva, Suely Amoas é a responsável por colocar em prática a licença menstrual pela primeira vez no país. O benefício concede até dois dias de licença remunerada para todos os funcionários da empresa que menstruam, sem necessidade de apresentar laudo médico ou atestado. "Basta comunicar a empresa, através do seu chefe imediato, ou a equipe com a qual ela trabalha e ela já terá direito à licença".
A diretora executiva acredita que o retorno a longo prazo será positivo e destaca a importância de acolher as mulheres em um período tão delicado, que envolve dores abdominais intensas, enxaquecas, desconforto, irritabilidade, dentre outros sintomas que mudam de corpo para corpo. "Eu acredito que a nossa produtividade vai aumentar depois disso. A gente ainda não tem esses números para provar, mas eu tenho certeza".
De acordo com a diretora executiva, o beneficio foi concedido de maneira espontânea e visa a saúde e bem-estar das funcionárias. "A gente conversou com o Sindicato para colocar eles a par do que nós estamos ofertando para as nossas mulheres. Mas não tem nenhum acordo oficial, o acordo é só entre nós e as nossas mulheres mesmo".
A estudante do curso de Administração da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Rute Benedita da Silva, 20 anos, relata que durante o período menstrual tem dores e enxaqueca, que atrapalham a produtividade. A estudante revela que a saúde psicológica também é afetada pelo sentimento de insuficiência para cumprir as demandas, além da dor física.
Rute da Silva trabalha na empresa há um ano e meio, e acredita que a licença menstrual pode transformar a relação das mulheres com o ambiente de trabalho. "Caso eu esteja com muitas dores, ou esteja me sentindo extremamente improdutiva, eu vou poder ter um momento para me ausentar do trabalho, sem que me cause prejuízos, para poder recarregar as minhas energias e não ficar me culpando por não conseguir dar continuidade nas demandas. É realmente um sentimento de acolhimento".