Profissionais de enfermagem de Mato Grosso do Sul protestam desde o começo de 2021 a favor do projeto de lei (PL) nº 2564 de 2020, que prevê piso salarial nacional e melhores condições de trabalho para a categoria. As manifestações incluem mobilização para divulgar a consulta pública do Senado Federal e a realização de passeata, que aconteceu em Campo Grande no dia 13 de maio. Os principais problemas relatados por trabalhadores do estado para o Conselho Regional de Enfermagem (Coren/MS) são a desvalorização, sobrecarga de trabalho e baixos salários, condições que foram agravadas com a pandemia de coronavírus. Mato Grosso do Sul possui 27.300 profissionais divididos entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares e parteiras.
O Projeto de Lei de autoria do Senador Fabiano Contarato (REDE/ES) está em tramitação no Senado Federal. O projeto define piso salarial de R$ 7.315,00 para enfermeiros com base na carga horária de 30 horas semanais. Técnicos devem receber 70% deste valor e auxiliares e parteiras 50%. Em Mato Grosso do Sul, entidades como o Coren e o Sindicato dos Trabalhadores na área de Enfermagem (SIEMS) apoiam a mudança.
Presidente da Comissão para Instituição do Piso Salarial do Coren/MS, Flávio Tondati relata que os representantes da categoria no estado estiveram “presentes na reunião nacional com todos os conselhos regionais de enfermagem em maio deste ano, juntamente com o Cofen e demais autoridades, como senadores, deputados, entidades sindicais e de classes”. Segundo Tondati, foram realizadas mais de 500 fiscalizações em todo o estado em 2021 para averiguar denúncias de irregularidades trabalhistas. “Recebemos relatos de jornadas extensivas de trabalhos, baixos salários, falta de condições de repousos para os trabalhadores noturnos, dificuldade e insuficiência de equipamentos de proteção individual, entre outros”.
Enfermeira do Hospital da Unimed de Campo Grande, Ariane Mendonça afirma que o Projeto de Lei é uma oportunidade para promover o debate público sobre a valorização da categoria. Segundo a enfermeira, os profissionais da área costumam realizar “atividades com uma grande pressão psicológica, com desgaste físico gigantesco decorrente das condições de serviço, mas mesmo assim muitas vezes não tem um trabalho digno”. Ariane Mendonça relata que é comum enfermeiros acumularem vínculos empregatícios para suprir as necessidades financeiras. “Já vi profissionais que têm três trabalhos, que trabalham de manhã, tarde e noite. Quase não param em casa para tentar agregar valor ao salário para conseguir sobreviver”.