DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Fila de pacientes a espera de transplante de órgãos no estado ultrapassa 500 pessoas

Mato Grosso do Sul é o 14º estado em número de doadores efetivos, no estado são realizados transplantes de córnea e rim, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) registrou 173 procedimentos este ano

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur e Maurício Aguiar28/10/2023 - 18h12
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A fila de pessoas que aguardam por um transplante de órgão ou tecido em Mato Grosso do Sul tem 580 indivíduos. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) registrou 173 transplantes realizados no estado em 2023 e é o 14º em número de doadores efetivos registrados, com 13,1 doadores para cada um milhão de pessoas. O índice de recusa dos familiares de pessoas falecidas para a doação de órgãos está entre 60% e 70% no estado.

A maioria dos transplantes realizados no estado este ano foi de córnea, com 147 procedimentos. O transplante de órgãos sólidos é o segundo mais comum, com 23 procedimentos de transplante renal e um transplante de coração. A fila de espera por órgãos sólidos tem 174 pacientes, com 97 homens e 77 mulheres, com faixa etária entre 18 anos e acima de 65 anos. 

O sistema de transplantes é dividido entre órgãos sólidos, que incluem coração, pulmão, rins, pâncreas e fígado, e de tecidos, como medula óssea, ossos e córneas. O relatório produzido pelo SNT do Ministério da Saúde, aponta que o estado é o 17º em número de transplantes de órgãos sólidos por milhão de habitantes, com média de 10,9 procedimentos realizados. A coordenadora do Centro Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET/MS), Claire Carmem Miozzo afirma que o sistema de Saúde do estado está suspenso de realizar a captação e transplantes de fígado, pâncreas, pulmão e medula óssea alogênica devido a ausência de equipes especializadas. “Se um paciente nosso precisa de um fígado, por exemplo, ele vai ser encaminhado para outro estado e vai ser inserido na fila de outro estado. Quando ele for contemplado, pode ser um órgão tanto nosso quanto de qualquer outro estado”.

Secretária de Estado de Saúde (SES) possui atualmente nove Comissões Intra-hospitalares de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), com cinco unidades localizadas em Campo Grande, três em Dourados e uma em Três Lagoas. As CIHDOTTs são responsáveis por realizar a captação de órgãos e tecidos e organizar os processos de doações nas instituições de Saúde. O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul firmou convênio com o Hospital Adventista do Pênfigo no mês de setembro para instalar e habilitar o primeiro Centro de Transplantes de Fígado e Rim do estado.

A coordenadora destaca que as maiores filas para transplantes de órgãos sólidos são de rim e de fígado, e que a instalação do Centro irá atenuar a espera dos pacientes pelos órgãos. “A ideia é que ano que vem a gente já faça os primeiros transplantes, porque ainda precisamos de alguns equipamentos e algumas reformas precisam ser feitas. Possivelmente, ano que vem já estaremos realizando transplantes de fígado aqui no estado”. Segundo a jornalista da Subsecretaria de Comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Natalia Yahn a SES prevê que 70 transplantes de fígado serão realizados por ano após a instalação do Centro de Transplantes de Fígado e Rim.

O médico-cirurgião Gustavo Rapassi ressalta que a compatibilidade do órgão se dá, principalmente, pela tipagem sanguínea entre receptores e doadores. “A compatibilidade acontece pela tipagem sanguínea ABO, então, pacientes do tipo sanguíneo A recebem do A, do O recebem do A, B e AB. A chance de alguém desenvolver um episódio de rejeição no pós-transplante é em torno de 10%, mas essas complicações são baixas porque são facilmente ajustadas com medicamentos”. 

Primeira Notícia · Cirurgião, Gustavo Rapassi comenta sobre os cuidados que o receptor deve ter após o transplante

O biólogo Carlos Alberto Rezende precisou ser transferido para uma unidade de Saúde na cidade de Jaú (SP), para realizar uma cirurgia de transplante de medula óssea. Rezende foi informado sobre a existência de um doador compatível um ano e quatro meses após ter recebido o diagnóstico de aplasia medular. “A recepção da medula melhorou minha qualidade de vida e determinou minha sobrevivência, porque sem o transplante, obviamente eu tinha minha vida limitada com o uso de medicamentos que não conseguiriam suprir a falta da medula óssea”.

A técnica em Assuntos Educacionais, Shelma Zaleski aguarda na fila pelo segundo transplante de córnea, procedimento que é realizado no estado. Shelma Zaleski possui uma doença genética rara ceratocone, que pode levar à cegueira. “O primeiro procedimento foi feito há mais de 20 anos, depois de três anos aguardando na fila, naquela época trabalhava, estudava e a visão era imprescindível, hoje sou aposentada. Segundo minha médica, agora a fila do transplante não está tão longa”.

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