Casos de gripe aviária na cidade de Cochabamba na Bolívia, a 1.283 quilômetros da fronteira de Corumbá, foram confirmados, em fevereiro deste ano. A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) implementou, após a confirmação do foco da doença, medidas de fiscalização sanitária e desinfecção nas vias de acesso ao território sul-mato-grossense. A influenza aviária, causada pelo vírus H5N1, acomete principalmente aves, e possui taxa de mortalidade em torno de 60%.
As medidas de vigilância sanitária foram reforçadas em todo o estado. As visitas a assentamentos, fazendas e monitoramento de aves que migram dos Estados Unidos e Canadá para o hemisfério sul, foram intensificadas no último mês. Na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, a Iagro reforçou controle na entrada de produtos de origem animal e vegetal no Brasil, em atuação conjunta à Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), e a Associação de Avicultura de Mato Grosso do Sul (Avimasul) que financiou um arco de desinfecção para otimizar o serviço de limpeza de veículos.
O contágio do vírus acontece, principalmente, a partir de aves silvestres e migratórias, que podem transmiti-lo pelo ar aos pássaros domésticos e de granjas, se houver contato direto. A doença também pode infectar mamíferos, e apresentar um alto nível de letalidade, mas são raros os casos.A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), emitiu no dia 17 de janeiro um alerta em resposta ao surto de gripe aviária em aves em dez países do continente americano, e à confirmação do 1º caso de infecção humana na América do Sul.
O estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), aponta que no ranking brasileiro de embarque de produtos aviários, Mato Grosso do Sul ocupa a oitava colocação e corresponde por cerca de 3% da participação nacional. A constatação da gripe aviária em granjas e produções domésticas pode acarretar em barreiras de comercialização nos mercados internos e externos, e possiveis prejuízos ao setor comercial. Segundo o diretor presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), Daniel Ingold, as medidas sanitárias são importantes para barrar a entrada da doença no estado e evitar futuros surtos.
Ingold explica que as organizações fiscalizadoras de Mato Grosso do Sul estão em estado de alerta contra a doença, e que o controle de trânsito e a fiscalização na fronteira com a Bolívia foram reforçadas. "Foi fechada toda fronteira internacional no posto Esdras, e feito um levantamento que mostrou que todas as estradas também convergem no Buraco das Piranhas, então tem um segundo posto fixo que está fazendo todo um controle". O diretor presidente recomenda o isolamento do animal e a notificação imediata, em caso de suspeita do vírus.
A presidente da Avimassul e avicultora da granja São José, Kelma Torezan Carrenho relata que as medidas de biossegurança vão desde o uso de calçados específicos no pátio e dentro das granjas, limpeza da sola de calçados com cal virgem, aplicação de produtos para extermínio de agentes contaminadores, até a desinfecção da própria ave por meio de nebulização. "Com a chegada da doença intensificamos esses cuidados, as empresas começaram a fazer palestras com os sanitaristas, ressaltando as medidas de biossegurança para os produtores e todos aqueles que trabalham vinculados à atividade". A presidente aponta também como essencial, o conhecimento sobre os sintomas nos animais por parte de pequenos produtores e donos de aves domésticas, para não haver contágio da influenza aviária no estado.