SAÚDE

Gripe aviária na fronteira gera alerta em órgãos sanitários e produtores de Mato Grosso do Sul

Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) implementa barreiras sanitárias na fronteira para impedir entrada do vírus, após casos confirmados da doença na Bolívia

Thauana Luares e Daphyne Schiffer25/03/2023 - 09h48
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Casos de gripe aviária na cidade de Cochabamba na Bolívia, a 1.283 quilômetros da fronteira de Corumbá, foram confirmados, em fevereiro deste ano. Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) implementou, após a confirmação do foco da doença, medidas de fiscalização sanitária e desinfecção nas vias de acesso ao território sul-mato-grossense. A influenza aviária, causada pelo vírus H5N1, acomete principalmente aves, e possui taxa de mortalidade em torno de 60%.

As medidas de vigilância sanitária foram reforçadas em todo o estado. As visitas a assentamentos, fazendas e monitoramento de aves que migram dos Estados Unidos e Canadá para o hemisfério sul, foram intensificadas no último mês. Na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, a Iagro reforçou controle na entrada de produtos de origem animal e vegetal no Brasil, em atuação conjunta à Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), e a Associação de Avicultura de Mato Grosso do Sul (Avimasul) que financiou um arco de desinfecção para otimizar o serviço de limpeza de veículos.

O contágio do vírus acontece, principalmente, a partir de aves silvestres e migratórias, que podem transmiti-lo pelo ar aos pássaros domésticos e de granjas, se houver contato direto. A doença também pode infectar mamíferos, e apresentar um alto nível de letalidade, mas são raros os casos.A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), emitiu no dia 17 de janeiro um alerta em resposta ao surto de gripe aviária em aves em dez países do continente americano, e à confirmação do 1º caso de infecção humana na América do Sul.

 O estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), aponta que no ranking brasileiro de embarque de produtos aviários, Mato Grosso do Sul ocupa a oitava colocação e corresponde por cerca de 3% da participação nacional. A constatação da gripe aviária em granjas e produções domésticas pode acarretar em barreiras de comercialização nos mercados internos e externos, e possiveis prejuízos ao setor comercial. Segundo o diretor presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), Daniel Ingold, as medidas sanitárias são importantes para barrar a entrada da doença no estado e evitar futuros surtos.

Ingold explica que as organizações fiscalizadoras de Mato Grosso do Sul estão em estado de alerta contra a doença, e que o controle de trânsito e a fiscalização na fronteira com a Bolívia foram reforçadas. "Foi fechada toda fronteira internacional no posto Esdras, e feito um levantamento que mostrou que todas as estradas também convergem no Buraco das Piranhas, então tem um segundo posto fixo que está fazendo todo um controle". O diretor presidente recomenda o isolamento do animal e a notificação imediata, em caso de suspeita do vírus.

Primeira Notícia · Daniel Ingold

A presidente da Avimassul e avicultora da granja São José, Kelma Torezan Carrenho relata que as medidas de biossegurança vão desde o uso de calçados específicos no pátio e dentro das granjas, limpeza da sola de calçados com cal virgem, aplicação de produtos para extermínio de agentes contaminadores, até a desinfecção da própria ave por meio de nebulização. "Com a chegada da doença intensificamos esses cuidados, as empresas começaram a fazer palestras com os sanitaristas, ressaltando as medidas de biossegurança para os produtores e todos aqueles que trabalham vinculados à atividade". A presidente aponta também como essencial, o conhecimento sobre os sintomas nos animais por parte de pequenos produtores e donos de aves domésticas, para não haver contágio da influenza aviária no estado.

A infecção do vírus em humanos pode causar sintomas respiratórios graves e é considerada extremamente letal. De acordo com o boletim divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de janeiro de 2003 a novembro de 2022, foram confirmados 868 casos em seres humanos e resultaram na morte de mais de 52% das pessoas contaminadas. Desde o início dos surtos no continente, duas infecções humanas foram confirmadas na região, a primeira em abril de 2022 nos Estados Unidos e a segunda em nove de janeiro de 2023 no Equador.

Os casos em humanos são raros, e até hoje o mundo está isento de episódios de contágio de pessoa para pessoa. O risco está na exposição a aves infectadas, domésticas, silvestres ou em cativeiro. A médica infectologista da SESAU, Ivone Martos explica que “o principal problema está na manipulação de aves mortas sem saber como essa ave morreu, se existe um surto naquele local ou não” e diz quais são as formas de prevenção da doença, que passam pelo cuidado com a procedência dos produtos de origem animal que vão ser consumidos até as boas práticas de higiene.

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