Campo Grande registrou 6.511 pessoas infectadas pelo vírus da Aids nos últimos dez anos. Homens entre 30 e 49 anos são os mais afetados pela doença, com 4.433 casos registrados. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) registrou 309 novos casos de HIV até novembro deste ano, 36.68% a menos em comparação ao ano anterior.
Os casos de Aids estão em queda desde 2021, devido ao aumento na procura da realização dos exames de prevenção como o autoteste. Pessoas que convivem com o vírus e abandonaram o tratamento equivalem a 11,5% dos registros. As ocorrências confirmadas são monitoradas pela Vigilância Epidemiológica junto às Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A Aids é uma doença sem cura, causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico. A transmissão pode ocorrer por meio de relações sexuais sem o uso de preservativos, compartilhamento de objetos cortantes contaminados como seringas, e também durante a gravidez, caso a gestante tenha interrompido o tratamento. O tratamento é feito com o uso de Medicamentos Antirretrovirais (ARV), que impedem a multiplicação do vírus dentro de células do sistema imunológico.
A gerente técnica de HIV/Aids da Sesau, Isabelle Mendes de Oliveira relata que investir em campanhas de prevenção educa a população sobre práticas seguras para evitar a contaminação com o vírus. “As ações de prevenção são realizadas por meio da distribuição de materiais informativos, preservativos, e de testes rápidos para a população”. Isabelle Mendes afirma que “o tratamento deve ser realizado sem interrupções para que o vírus seja indetectável, mas cerca de 719 pessoas deixaram de tratar o vírus aqui em Campo Grande, o que representa 11,5% do total de pessoas com HIV”.
O médico do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Roberto Paulo Braz explica que o paciente assina um termo de confidencialidade para que a identidade seja preservada, antes da realização do exame de testagem. "No pré-teste, enfatizamos a confidencialidade, explicamos os testes, seus resultados possíveis e avaliamos os riscos e vulnerabilidades. No pós-teste, fornecemos e explicamos os resultados, reforçando medidas de prevenção." O médico ressalta que, caso o paciente teste positivo para HIV, o tratamento pode ser iniciado no CTA.
A infectologista Silvia Naomi de Oliveira Uehara afirma que na maioria dos casos, a pessoa infectada pelo vírus é assintomática ou pode apresentar uma infecção viral respiratória causada pela síndrome retroviral, e por isso é necessário a realização de exames preventivos. “Nós falamos que a sorologia de HIV para as doenças transmissíveis devem ser feitas para todas as pessoas que estejam expostas ao vírus, até mesmo os profissionais de saúde que têm contato com o sangue do paciente. É necessário que a pessoa inclua o exame da Aids na rotina anual de prevenção”. A infectologista ressalta que os homens são os mais propensos a terem HIV devido ao maior número de exposições.