SAÚDE

Idosos representam maior índice entre diagnosticados com depressão

Mato Grosso do Sul ocupa a quinta posição entre os estados com maiores índices de depressão do país

Amanda Raíssa, Evelyn Mendonça e Jéssica Lima 9/09/2019 - 14h52
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que mostram que 8,8% da população de Mato Grosso do Sul foi diagnosticada com depressão em 2013. Este número representa mais de 200 mil pessoas. Levantamento realizado pelo Instituto em 2010 aponta a população de idosos entre 60 e 69 anos no estado como superior a 135 mil e a expectativa de vida, registrada em 2017, chega a 75 anos e 8 meses.

No Brasil, o número total de pessoas diagnosticadas com depressão chega a 11,6 milhões, aproximadamente 5,8% da população nacional. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE, a faixa etária que envolve idosos de 60 a 64 anos representa o maior índice entre os casos registrados. Lista divulgada pelo Instituto aponta Mato Grosso do Sul em quinta posição entre os estados com maiores índices de depressão do país.

Atividades como ensino de idiomas estrangeiros, danças e prática de exercícios físicos estão entre as alternativas de integração para idosos realizadas em Campo Grande. Para a enfermeira Deborah Duarte uma forma de proporcionar atividades ao idoso e prevenir transtornos como ansiedade e depressão são as práticas em grupo. De acordo com publicação da Organização Panamericana de Saúde (Opas), a depressão é resultado de uma interação de fatores psicológicos, sociais e biológicos.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), a cada 100 mil habitantes, idosos com idade superior a 70 anos representam a maior taxa de suicídio registrada por faixa etária entre os anos de 2011 a 2015. Para o professor e capelão hospitalar do Núcleo do Hospital Universitário (NHU) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Edilson dos Reis o crescimento do número de idosos no estado é superior a realização de políticas públicas efetivas que proporcionem qualidade de vida para este público.

Reis ressalta que idosos tendem a perder vínculos com amigos e entes queridos ao longo da vida. O professor explica que a solidão aumenta a vulnerabilidade a doenças como a depressão. “Existe uma carência de afetividade e de ausência de políticas que os acolham e que os integrem em comunidades, além de estimular a convivência com esse público. O que se observa é que não valorizamos aquilo que um dia todos nós seremos”.

A enfermeira especialista em Gerontologia, Deborah Duarte explica que o número de idosos tende a crescer rapidamente e esforços são necessários para a compreensão das necessidades desse público. "Na velhice os vínculos começam a se estreitar, os filhos estão criados, têm sua vida, e eles ficam sozinhos. Então o auxílio prestado são com atividades de lazer e convívio com outros idosos. Isso proporciona bastante mas ainda é pouco, temos que acelerar os projetos". 

Deborah Duarte ressalta que a capacitação específica dos profissionais que convivem com o idoso é essencial para uma vivência saudável. "Precisamos observar o idoso como um todo, nem todos os casos de depressão são pelo abandono familiar. Hoje, nada realmente é preparado para o idoso. Existem profissionais que querem trabalhar com o idoso, mas que não possui nenhuma qualificação". Ela explica que uma equipe de profissionais é necessária para o suporte da terceira idade, como psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e o médico geriatra.

Acompanhamento de especialistas desenvolve aspectos cognitivos e mentais dos idosos (Foto: Amanda Raíssa)

A aposentada Maria Aparecida frequenta o Centro de Convivência do Idoso "Vovó Ziza" há três anos. Ela afirma que as aulas de dança e alongamento melhoraram sua saúde física e mental. “O que eu gosto do Centro é a convivência que temos com pessoas da mesma idade, pois são pessoas com mesmos interesses e com problemas diferentes. Um escuta o outro e isso faz bem para o emocional da gente, saio de lá bem contente”.

A formação de profissionais especializados no tratamento com idosos é essencial na assistência oferecida. Para Reis, ações públicas devem ser contínuas e capazes de oferecer apoio físico, emocional e social para a faixa etária. “É necessária a formação de profissionais da saúde mental e especialistas no tratamento com o idoso. O idoso não é responsabilidade apenas da geriatria, precisamos de um olhar diferente. As estatísticas são alarmantes, somos 200 milhões no Brasil e os dados nos mostram que algo precisa ser feito”.

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