CIGARROS ELETRÔNICOS

Mato Grosso do Sul é o segundo estado com maior índice de consumo de cigarros eletrônicos

O estado possui 110 mil usuários de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), o índice representa 4% da população, o segundo maior consumo de cigarros eletrônicos no país

Gabriel Issagawa, Júlia Barreto, Rafaela Teodoro, Reuel Oliveira 9/09/2024 - 10h12
Compartilhe:

Mato Grosso do Sul é o segundo estado com o maior número de consumidores de Dispositivo Eletrônico para Fumar (DEF), com 110.282 usuários. O índice representa 4% da população do estado. A maioria dos consumidores são jovens e adolescentes entre 18 e 24 anos do genêro masculino.

A Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Sáude (SES) e os setores de vigilância sanitária dos municípios intensificaram a fiscalização em bares, tabacarias, conveniências e casas noturnas no estado com o aumento do número de usuários. Os estabelecimentos que realizam a comercialização ilegal de cigarros eletrônicos são passíveis de sanções que incluem apreensão dos produtos, interdição, cassação do Alvará e multas de até R$ 26 mil. O Projeto de Lei 192/2024, que tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, com base na Resolução Nº 46 de 2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), regulamenta a proibição do uso, comercialização, importação e produção de quaisquer Dispositivo Eletrônico para Fumar (DEF).

A pesquisa coordenada pelo professor do curso de Educação FisicaPedro Curi Hallal, pelo professor da curso de Medicina, Fernando Wehrmeister da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), pela assessora técnica de Saúde Pública e Epidemiologia Luciana Monteiro Vasconcelos Sardinha e pelo diretor executivo Pedro do Carmo Baumgratz de Paula da Vital Strategies, mostra que um a cada cinco jovens entre 18 e 24 anos consome cigarros eletrônicos. Segundo o estudante do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran), João Pedro Maciel a combinação de nicotina com os diversos sabores disponíveis foi o principal atrativo. João Maciel explica que a substância aliviava sintomas de estresse e ansiedade. "Não está sendo fácil deixar o vício de lado. Às vezes, tenho recaídas, mas o mais difícil é conviver com amigos que fumam e estão ao meu redor".

Segundo o médico pneumologista Ronaldo Perches Queiroz, os cigarros eletrônicos contêm nicotina em concentrações elevadas, frequentemente superiores às dos cigarros comuns, que eleva o risco de dependência. O pneumologista explica que o uso prolongado dos cigarros eletrônicos provoca inflamação nos pulmões, que resulta no desenvolvimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). "O pulmão inflama, os alvéolos são destruídos pelas substâncias tóxicas, a capacidade pulmonar é reduzida e a falta de ar é provocada. Isso acontece porque o uso do cigarro eletrônico promove uma diminuição da função respiratória, assim como o cigarro comum".

Paulo Henrique Sampaio foi diagnosticado com pneumonia grave e derrame pleural após ser internado no Hospital Regional de Campo Grande em abril deste ano, devido ao uso de DEFs. Sampaio passou por cirurgia e perdeu parte do pulmão devido à necrose provocada pelas complicações do quadro clínico. Paulo Sampaio explica que seu primeiro contato com o dispositivo ocorreu por influência de um amigo próximo, e que percebeu alterações em seu organismo cinco meses após começar a utilizar o cigarro eletrônico. “Passei a tossir sangue, mas antes desse sintoma, eu já apresentava uma respiração ofegante e tosse seca”.

PRIMEIRA NOTÍCIA · Paulo Henrique relata as limitações após a cirurgia

Segundo a médica cardiologista Josete Gargioni Adames as substâncias presentes nos cigarros eletrônicos afeta a saúde cardiovascular.  "O cigarro eletrônico contém duas substâncias principais, propilenoglicol e glicerol. Quando inaladas, essas substâncias podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial".



Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização, importação e a propaganda de DEFs em todo o país desde agosto de 2009. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 855/2024 atualizou o regulamento e reforçou a proibição do uso desses dispositivos em locais coletivos fechados, públicos e privados. A Resolução 855/2024, com base em consulta pública realizada pela Anvisa, regulamenta os riscos à saúde associados aos DEFs. O dispositivo foi criado para reduzir a dependência do cigarro convencional, que contêm substâncias como o propilenoglicol e equivale a 20 cigarros tradicionais. 

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também