MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mato Grosso do Sul está no centro da onda de calor que atinge o Brasil

Temperaturas em Campo Grande podem chegar a 43°C até o dia 24 de setembro, trabalhadores que ficam diretamente expostos ao sol são os mais afetados pelo calor e correm risco de saúde

Carol Leite, Geane Bessera e Maria Luiza Massulo 21/09/2023 - 16h58
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A onda de calor em Campo Grande registrou a maior temperatura do ano no dia 20 de setembro com 39ºC. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta vermelho de situação de perigo para os municípios de Mato Grosso do Sul com incidência de danos e acidentes que afetam a saúde física, como queimaduras na pele, desidratação, risco de sofrer arritmia cardíaca e hipertermia. O alerta é válido até as 18h00 do dia 24 de setembro.  

As altas temperaturas e clima seco na capital são recorrentes no mês de setembro. Neste ano a onda de calor é de maior intensidade com o aumento de até 5ºC acima da média durante a semana dos dias 17 a 24 de setembro. A umidade relativa do ar apresenta índice abaixo de 20%, considerado estado de alerta. Serventes de obra são os mais afetados pela onda de calor por trabalharem em atividades com maior exposição ao sol. 

De acordo com a meteorologista e coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima do Estado do Mato Grosso do Sul, Valesca Fernandes as cidades que registraram as maiores temperaturas foram Pedro Gomes, com 40,7°C e Água Clara com 40,6°C. Valesca Fernandes recomenda beber muito líquido, umidificar os ambientes e evitar a exposição ao sol. “Podem ocorrer nesta semana, os recordes do ano de 2023 em relação às variáveis de temperatura  máxima e a umidade relativa do ar”.

Primeira Notícia · Valesca Fernandes explica o motivo da onda de calor

O servente de obra Nivaldo Correia trabalha exposto ao sol das 7h00 às 17h00 em obra no Lago do Amor em Campo Grande. Correia relata que os funcionários são responsáveis pela compra de equipamentos utilizados para proteção contra a exposição excessiva da pele à luz solar. "Ainda não tivemos ninguém passando mal, mas em épocas de calor sentimos muito mais cansaço e desânimo pelo calor do que pelo trabalho em si".

Segundo a médica dermatologista, Letícia Almeida a pele é o órgão mais afetado pelas longas horas de exposição solar pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Leticia Almeida explica que a exposição indevida causa queimaduras de primeiro e segundo graus e câncer de pele, caso ela aconteça de forma contínua. “O uso do EPI é importante para os trabalhadores, no caso dos trabalhadores rurais é necessário o óculos de sol, camisas ultravioleta que tem já tem uma tecnologia de proteção solar no tecido e estejam sempre se hidratando, e, além dos usos desses objetos, o uso do protetor solar em áreas que vão ficar expostas como as mãos e no rosto”. 

O servente de obras Rubens de Oliveira Santos relata que o trabalho é realizado em um local com pouca sombra e demanda muito esforço físico. Santos explica que o horário do almoço é o único momento em que consegue descansar e se expor menos ao sol. "Nós não temos intervalo durante o trabalho, não podemos parar. A empresa não disponibiliza boné e camiseta, nem uma tenda para proteção, o serviço é no sol. Usamos roupas toda fechada e é sem intervalo, mesmo com temperaturas altas”.

Trabalhadores só podem fazer seus intervalos na hora do almoço e sem tendas para proteger do sol Trabalhadores fazem seus intervalos na hora do almoço sem tendas para proteção do sol 

 

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