BAIXA VACINAÇÃO

Meta de vacinação contra HPV do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul está abaixo do programado

A porcentagem de meninas com esquema vacinal completo, incluindo as duas doses, foi de 55% enquanto o público masculino chegou à 34%

Idaicy Solano, Felipe Dias e Rafael Pereira 26/04/2023 - 16h09
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A cobertura vacinal contra o vírus Papiloma Humano (HPV) em Mato Grosso do Sul está abaixo da meta do Ministério da Saúde de 80% do público-alvo vacinado. A baixa imunização coloca em risco a saúde de homens e mulheres. O vírus leva ao desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, que são evitados com a vacina.

A vacina é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos entre nove e 14 anos. O esquema vacinal é composto de duas doses aplicadas com um intervalo de seis meses entre elas. Mulheres e homens entre 15 e 45 anos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), transplantados e pacientes oncológicos recebem a terceira dose.

Conforme dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), a cobertura vacinal em meninas com a primeira dose da vacina HPV no estado foi de 76% em 2022. A segunda dose foi aplicada em apenas 55% do público. O índice de vacinação para a população masculina é ainda menor. O número de meninos vacinados com a primeira dose foi de 54% e com a segunda dose de 34%.

Vacina sendo manipulada por enfermeira em sala de vacinação na Clínica Escola, localizada na UFMSVacina manipulada por enfermeira em sala de vacinação na Clínica Escola, localizada na UFMS (Foto: Idaicy Solano)

A costureira Sidinéia Pereira diz que é necessário maior divulgação pelo poder público sobre a vacina, sobre o HPV e das doenças relacionadas ao vírus. A costureira tem duas filhas e relata que apenas uma de suas delas é vacinada com apenas uma dose do imunizante, pois recebeu pouca informação acerca da doença. “Na época recebi um recado da escola no caderno da minha filha, explicando sobre a vacinação. Pediram a minha autorização para aplicarem a primeira dose na escola mesmo e a segunda dose me informaram que eu deveria buscar no posto de saúde, mas o tempo passou e não fui atrás”.

A estudante do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhanguera-Uniderp, Lawany Pereira de Souza, 18 anos, filha de Sidinéia Pereira, relata que ue foi informada sobre o imunizante e as doenças relacionadas ao HPV durante a vacinação na escola. A estudante observa que falta maior inclusão dos pais nas campanhas de vacinação nas instituições de ensino. “Antes de eu ser vacinada nos deram uma palestra para entendermos mais sobre a vacina, mas eu tinha entre 11 e 12 anos e não entendia totalmente a importância da vacinação. Acho que se tivesse tido uma maior participação dos pais, convidando-os para participarem da palestra e um retorno à escola para aplicar a segunda dose, eu teria sido totalmente imunizada”.

O infectologista Everton Lemos destaca que a vacinação é importante para a prevenção de doenças graves a qual o vírus está associado. Lemos explica que o vírus provoca lesões genitais de alto risco e é precursor de cânceres como colo do útero e do pênis. “É importante entender que o HPV é o nome genérico de um grupo que engloba mais de cem tipos diferentes de vírus. Portanto, a imunização é a medida mais eficaz de se prevenir contra as doenças ocasionadas".

A transmissão se dá predominantemente por via sexual, passa da mãe gestante para o feto por transmissão vertical, por meio da saliva, e de infecção por perfuração ou corte com objetos contaminados pelo HPV. Lemos alerta que “a relação sexual desprotegida te expõe a maior risco de contato com várias Infecções Sexualmente Transmissíveis, o que inclui o HPV.  Por isso é importante o uso de preservativos, mesmo que vacinado, para que se previna a exposição às outras ISTs”.

Lemos esclarece que os sintomas do vírus levam meses, ou até mesmo anos, para se manifestar. “É possível, apresentar as primeiras manifestações da infecção pelo HPV entre, aproximadamente, 2 a 8 meses. Mas segundo as orientações do Ministério da Saúde pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção”.

A enfermeira da Cliníca Escola Integrada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Adriana Espíndola esclarece que os principais sinais da manifestação do HPV são as lesões com características de verrugas. "Geralmente são verrugas na região genital e no ânus, popularmente conhecido como crista de galo, pois apresenta uma característica semelhante a ela". Adriana Espíndola alerta que o diagnóstico é realizado por meio de exame clínico e que não há tratamento para eliminar o vírus.

Primeira Notícia · A enferemeira Adriana Espíndola explica o que é o HPV e seus principais sintoma

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