O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Mato Grosso do Sul registrou 782 suícidios indígenas entre os anos 2000 e 2016, segundo pesquisa. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em 2017, a média nacional é de 5,5 suicídios para 100 mil habitantes. Os povos indígenas registram uma taxa de mortalidade de 15,2 mortes para 100 mil habitantes. Os altos índices de morte autoprovocadas por jovens indígenas reforçam os objetivos da campanha "Setembro Amarelo", que promove conscientização sobre a prevenção do suicídio. Setembro Amarelo foi criado no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2015.
De acordo com o boletim pelo Ministério da Saúde, os maiores índices de mortes por lesões autoprovocadas em povos indígenas acontecem jovens de 10 a 19 anos, uma parcela de 44,8%. Para brancos e negros, esta faixa etária possui apenas 5,7% de incidência. Mato Grosso do Sul ocupa o terceiro lugar no maior índice de suicídios no Brasil, com uma média de 8,5 óbitos suicidas a cada 100 mil habitantes, entre 2001 e 2015.
Para o pesquisador doutor em Antropologia, Antônio Hilário Urquiza um dos fatores agravantes nos índices de suicidas jovens é a falta de perspectiva de vida para os povos indígenas. “Esses jovens indígenas, que é a faixa que mais acontece incidência de suicídio, que é dos 15 aos 30 anos, eles vão estudar, vão para escola, fazem o ensino médio, aí vão para faculdade. E depois vão fazer o quê? Eles não tem futuro fora do território indígena”.
Urquiza ressalta que as oportunidades, na maioria das vezes, são subempregos, com salários e condições que deixam de atrair os jovens indígenas. Para ele, o suicídio pode ser considerado, em grande parte, como um problema relacionado ao aspecto social e cultural.