OBESIDADE

Mato Grosso do Sul registra alta nos índices de obesidade entre a população adulta

O estado tem 69,3% da população com excesso de peso e 36,6% com obesidade, os homens representam a maior parcela entre as pessoas consideradas obesas segundo os critérios de classificação do Índice de Massa Corporal (IMC)

Gabrielle Lima, Gustavo Nascimento, Roberta Dorneles e Sanny Duarte24/09/2024 - 08h50
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Mato Grosso do Sul registrou alta nos índices de sobrepeso, com 69,3% da população em excesso de peso e 36,6% com obesidade. O grupo masculino lidera os índices de excesso de peso no estado. As cidades com maior incidência de obesidade são Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A doença atinge 35,75% dos adultos, com uma média de 15 mil diagnósticos por mês. O estado contabilizou 67 mil novos casos de obesidade até 15 de maio de 2024.  

O estado apresenta o maior número de mortes por obesidade no Brasil. Campo Grande tem 62 pacientes na fila para cirurgia bariátrica, e no estado 500 pacientes.  A previsão para atender toda a demanda da fila de espera é de até três anos. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) aumentou em 44% o número de procedimentos realizados. A cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) em Campo Grande ficou suspenso por dois anos devido a problemas técnicos, como falta de equipamentos adequados, falta de leitos e escassez de insumos médicos. As cirurgias retornaram no final de 2023.

A médica endocrinologista e metabologista, Giovana Masselli explica que a obesidade é uma doença crônica que afeta a homeostase energética do corpo. "A obesidade não é apenas resultado de falta de vontade; envolve um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, influenciado por fatores genéticos e ambientais". Giovana Masselli afirma que a obesidade desencadeia doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão arterial.

Giovana Masselli afirma que para prevenir o aumento das taxas de obesidade, é crucial eliminar o preconceito em torno da condição e o incentivo de hábitos saudáveis. "O primeiro passo para prevenirmos o aumento crescente da obesidade é reduzir o estigma da doença e incentivar hábitos mais saudáveis, principalmente durante a infância. Medidas governamentais que combatem o ambiente obesogênico são fundamentais, pois melhoram o acesso a alimentos menos processados e, através de um planejamento urbano adequado, promovem a prática de atividades físicas".

A assistente administrativa Angelina Reis comenta que teve problemas com excesso de peso e decidiu buscar tratamento médico para melhorar a saúde física e mental. "Procurei tratamento para redescobrir o gosto pela vida. A obesidade afetava não apenas meu físico, mas também meu psicológico. Eu vivia à base de remédios controlados".  Angelina Reis explica que "a bariátrica me fez voltar a viver, me amar e melhorou minha saúde. Eu tinha dificuldade para caminhar, atualmente, minha disposição é outra. Vivo sem os efeitos colaterais da cirurgia, sem dumping, hipoglicemia e restrições na alimentação, desde que ela seja moderada ".

PRIMEIRA NOTÍCIA · Angelina Reis - Paciente Bariátrica

A gerente técnica de Alimentação e Nutrição na Coordenadoria da Rede de Atenção Básica à Saúde, Renata Joia, menciona a implementação de hábitos alimentares saudáveis nas unidades de saúde para a prevenção e tratamento de doenças relacionadas à má alimentação. "É fundamental promover hábitos alimentares saudáveis nas unidades de saúde para prevenir e tratar doenças relacionadas à má alimentação. Precisamos reduzir o consumo de alimentos açucarados, mas enfrentamos desafios devido ao acesso limitado a opções saudáveis".

Segundo a psicóloga Lígia Burton, que acompanha pacientes em tratamento contra a obesidade, o desenvolvimento de compulsão alimentar é uma consequência da existência de sentimentos de angústia e tristeza. "Há pessoas que comem por não suportar o vazio que existe dentro de si, a compulsão alimentar é uma resposta a dores e angústias internas, e a comida, nesse sentido, atua como um paliativo, que ajuda a preencher lacunas emocionais que, sem o devido acompanhamento, podem levar a um sofrimento contínuo".

Lígia Burton enfatiza que o tratamento precisa integrar a alimentação e aspectos que contribuam para o bem-estar e a qualidade de vida do paciente. "O tratamento não deve se restringir à alimentação, mas incluir uma abordagem emocional que ajude a lidar com essas questões internas. Isso é fundamental para que os pacientes encontrem formas saudáveis de enfrentar suas angústias".

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