SAÚDE

Mato Grosso do Sul registra aumento de 55,9% de novos casos de HIV nos últimos três anos

O estado registrou 440 novos casos de HIV em 2015 a 2017 em relação ao período de 2007 a 2014

Julisandy Ferreira, Thalia Zortéa e Thalya Godoy26/11/2018 - 14h13
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Mato Grosso do Sul teve um aumento de 55,9% no número de diagnósticos do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) nos últimos três anos em comparação ao período de 2007 a 2014, de acordo com o último boletim epidemiológico. Os casos foram notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o levantamento foi divulgado pelo Ministério da Saúde. Segundo o documento, o estado possuiu 1.227 novos diagnósticos entre 2015 e 2017 e 787 no período anterior. Mato Grosso do Sul registrou, em dez anos, 2.014 novas pessoas infectadas com o vírus do HIV.

O estado possui nove organizações da sociedade civil cadastradas no Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde e parte delas convivem com a falta de recursos. Sete delas estão localizadas em Campo Grande, uma em Ponta Porã e outra em Três Lagoas. De acordo com o resultado do chamamento público realizado em 2017, a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) mantém convênio com três delas, a Associação Águia Morena de Redução de Danos, a Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul (ATMS) e o Instituto Brasileiro de Inovações Pró Sociedade Saudável Centro Oeste (IBISS-CO). 

Segundo o assessor de imprensa da Sesau, Wellington Pena o município apoia com recursos financeiros somente instituições que estão devidamente regularizadas, por meio dos editais divulgados no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande). Os recursos do Chamamento Público de 2017 é do governo federal e foram destinados conforme o plano de trabalho e atuação das instituições. “As entidades que não atenderam os critérios da seleção não podem ser conveniadas, principalmente as entidades com pendências administrativas com o Poder Público”. 

O presidente da Rede Positiva e criador da Fundação C.A.S.A., Almir Machado afirma que as instituições funcionam mesmo com a falta de recursos. “O financiamento em si de fato não existe, a instituição faz o que pode. O terceiro setor mesmo não tendo um reconhecimento das gestões em geral com relação ao trabalho que é feito, continua. Como estava não dava para continuar. Nós tínhamos os nossos pares, conhecidos e amigos morrendo todo dia”.

A médica infectologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), Priscila Alexandrino afirma que as instituições que atendem pessoas com HIV são importantes para que os gestores dos órgãos públicos conheçam os grupos específicos da sociedade, como profissionais do sexo, travestis e homens que fazem sexo com outros homens. “Quando se lida com doenças infecciosas e parasitárias, a gente tem que ver o meio ambiente, o social e o comportamento das pessoas”.

 
 

De acordo com a médica, Campo Grande possui dois locais de atendimento para pessoas com HIV. “ Tem o Centro de Doenças Infecto-parasitárias, atrás do posto de saúde Nova Bahia e o Hospital-Dia Professora Esterina Corsini. São serviços bastante cheios, por conta da demanda muito grande e do fechamento de algumas unidades do interior. Acaba concentrando muito na capital”.

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