PREVENÇÃO

Mato Grosso do Sul tem a quarta maior incidência de Aids no Brasil

Dados do Plano Estadual de DST/AIDS, de janeiro a novembro de 2015 foram registrados 312 casos de HIV positivo e 165 casos de AIDS em Mato Grosso do Sul

Iago Porfírio 8/12/2015 - 23h28
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Mato Grosso do Sul representa a quarta maior incidência de Aids do país em comparação aos demais estados, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Ses). O Estado registrou, desde 1984 até dezembro de 2009, 5.329 casos, distribuídos nos 78 municípios. Segundo o Plano Estadual de DST/AIDS, de janeiro a novembro de 2015 foram registrados 312 casos de HIV positivo e 165 casos de AIDS em Mato Grosso do Sul.

Campo Grande, de acordo com informações da enfermeira do Programa Municipal de DST/AIDS, Larissa Ramos possui 61 pessoas na faixa etária de 35 a 49 anos infectadas com o vírus neste ano. No ano passado foram registrados 127 infectados na mesma faixa etária. A predominância dos infectados é de homens. De janeiro a outubro deste ano, foram registrados 112 homens infectados com o vírus e mais 39 mulheres.

Segundo o Centro de Doenças Infecto-parasitárias (Cedip), de 2013 a 2015 foram registrados 973 pacientes que estão em tratamento e 172 pessoas que desistiram.

De acordo com a enfermeira do  Centro de Acolhimento e Testagem (CTA), Natalie Silveira Sierra, o cuidado e uso do preservativo é uma questão comportamental. “Quando a gente fala em HIV, DST, a gente fala em comportamento, em ser humano e seu comportamento. A maioria das pessoas que a gente atende aqui relatam não usar o preservativo, principalmente, quem tem uma parceria fixa. Essas pessoas alegam confiança na parceria e não usam preservativo”.  

Segundo Natalie Sierra, o CTA atende de 15 a 20 casos por mês de pessoas infectadas com o vírus HIV. Para ela “há uma negligência de a pessoa achar que nunca vai acontecer de pegar o vírus. O vírus está circulando. Vai chegar uma época que, se as pessoas não se cuidarem, cada um vai ter um caso na família”.

HIV e AIDS

O HIV é um dos vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Para o médico do CTA, Mario Fragelli, ter o HIV não é a mesma coisa que ter a Aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. “De acordo com a imunidade do paciente, pode demorar muitos anos, a partir da infecção, não da detecção. Quando detecta o paciente pode estar evoluindo há muito tempo com a positividade. A partir da infecção tem uma variabilidade de casos que chegam poucos anos até quase duas décadas. Isso depende do sistema imunológico”.

De acordo com Fragelli, HIV é uma infecção que pode levar à Aids. “Se você considerar HIV como resultado de um teste laboratorial, você vai ter apenas uma positividade laboratorial. E a gente consideraria a Aids o desenvolvimento da doença cujo teste laboratorial já foi positivo um dia. É muito variável entre os pacientes a positividade e o aparecimento da doença clínica”.

Para Fragelli, o comportamento é mais importante que a de grupamento. Ele explica que não existe um grupo de risco e que a vulnerabilidade é igual para todos. “O grupamento é uma coisa e o comportamento é outra. Antigamente tinha sentido falar em grupo de risco, hoje não é responsável chegar para uma pessoa e por ela ser heterossexual dizer que está tudo bem. Acabou a determinação do risco por grupos”.

Teatro discute sexualidade de forma lúdica

Dezembro foi o mês Mundial de Luta Contra a Aids, que deu início à campanha Dezembro Vermelho de orientação sobre prevenção, detecção e tratamento contra a doença, por meio do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE).

De acordo com a responsável pelo projeto Saúde e Prevenção nas Escolas da Secretaria Municipal de Saúde (SPE/Sesau), Léia Conche, o projeto é vinculado ao Ministério da Saúde e Ministério da Educação (MEC).  “O objetivo do projeto é a redução das vulnerabilidades, principalmente das infecções sexualmente transmissíveis. Hoje a gente não fala mais doença sexualmente transmissível, a gente fala infecção sexualmente transmissível, IST. O HIV, por exemplo, é uma infecção, ele evolui para uma doença”.

A abertura da semana teve a apresentação do grupo teatral En Cena. O grupo foi criado em 2010 para ser implantado nas escolas municipais e estaduais e realiza oficinas de teatro na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Segundo Léia Coche, “ele é um projeto patrocinado pelo programa DST/AIDS do município de Campo Grande, que faz a contratação da Companhia Aplausos para fazer o treinamento e figurino do cenário. Não é um teatrinho, é uma técnica que promove bastante impacto educacional, e nossa intenção é promover a educação de forma leve, de forma prazerosa, sem tabu ou medo, de forma natural, porque o sexo é algo natural”.

A peça trata do uso correto de preservativos

 

Serviço

Segundo o Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2016, as farmácias devem começar a vender autotestes para detecção do vírus HIV, a partir da regulamentação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente, os testes são feitos gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde. No Centro de Acolhimento e Testagem (CTA) também é oferecido apoio psicológico aos pacientes que passam pelo teste e o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis.

Centro de Testagem e Aconselhamento

Telefone: 3314-3450

Rua Anhanduí, em frente ao Teatro Arena do Horto Florestal, s/n.

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