SAÚDE MENTAL

Mato Grosso do Sul registra aumento de internações de jovens por ansiedade e estresse

Casos de hospitalização ocorrem entre jovens de 13 a 29 anos e número de atendimentos dos Centros de Atenção Psicossocial aumentaram em 60,5% no primeiro semestre de 2024

Ana Beatriz Leal, Gabriel Diniz, Mateus Freitas e Raíssa Rojas17/09/2024 - 12h04
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Mato Grosso do Sul registrou 127 casos de internações de jovens por estresse e ansiedade até junho de 2024. O Centros de Atenção Psicossocial (Caps) teve 123 hospitalizações em 2023. Os casos de internações passaram de 690 para 1.629 nos últimos 10 anos.

Os casos de atendimentos por ansiedade e estresse em jovens de 13 a 29 anos nos Caps de Campo Grande aumentaram 60,5% entre janeiro e julho, em comparação com o ano de 2023. O Caps registrou 3.425 atendimentos até o dia dois de setembro de 2024. O número aumentou em 136% no país entre 2013 e 2023.

A Secretaria de Estado e Cidadania (SEC) criou cartilha Juventude e Saúde Mental com sintomas de alerta, precauções e formas de ajuda para jovens. De acordo com o gerente de Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Pedro Rabello existe um conjunto de fatores que causam as internações de jovens por estresse e ansiedade. "Esses jovens vivem uma alta pressão acadêmica e profissional e grande competitividade no mercado de trabalho, além de serem mais afetados pelo uso das tecnologias". Rabello explica que a sociedade "vive os resultados" da pandemia e que essas mudanças "modificam as interações sociais".

O estudante do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), João Buchara realiza tratamento para ansiedade desde 2018. Buchara relata que em 2023 buscou ajuda no CAPS, devido aos custos do tratamento. "Contei brevemente sobre os problemas que eu tinha e a situação que eu estava passando. Tinha receio do atendimento, mas foi bem acolhedor".

PRIMEIRA NOTÍCIA · João Buchara relata sua experiência no atendimento Centro de Atendimento Psicossocial

O gerente de Atenção Psicossocial, Pedro Rabello afirma que existe um alto índice de tentativa de suicídio e comportamento auto lesivo entre os jovens. "Para atender essa demanda é importante ter políticas públicas que capacitem e qualifiquem as equipes de atendimento do estado". Rabello destaca que há uma "conscientização maior" entre os jovens. "O tabu e o estigma relacionados às questões de saúde mental têm diminuído e as pessoas têm procurado mais os serviços". 

O doutor em Teoria Psicanalítica e professor do curso de Psicologia da UFMS, Tiago Ravanello destaca que a ansiedade e o estresse no convívio social é gerado pelo uso das mídias sociais. "Há ansiedade como resposta de mulheres contra misoginia, inseguras de uma população negra em um Brasil racista, são várias problemáticas". Ravanello acrescenta que "a nova realidade tecnológica" mudou a maneira como vivemos e nos relacionamos. "Em algum momento vai sair do meu celular a má notícia, a má presença, algo que vai me tirar do eixo. Não que as redes sociais tenham criado isso, mas com certeza agravaram".

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