Mato Grosso do Sul teve redução de 511 leitos hospitalares no Sistema Único de Saúde (Sus) entre os anos de 2008 e 2018. Dentre os estados da região Centro-oeste, apenas Mato Grosso teve aumento de leitos, enquanto em Goiás a queda foi de 19,24% e no Distrito Federal de 10,14%. Os dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostram que durante os últimos dez anos houve uma redução de cerca de 12,50% em Mato Grosso do Sul e de 12,26% dos leitos públicos na capital Campo Grande.
De acordo com o documento, o número de leitos públicos e privados do Estado reduziu de 6.046 para 5.588, o que corresponde 2,59 e 2,06 leitos, respectivamente, para cada mil habitantes. Segundo a pesquisa da CNM, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o índice seja de três a cinco leitos para cada mil habitantes.
Segundo a chefe da Divisão de Gestão do Cuidado do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), Cláudia Lang houve uma queda no número de leitos disponíveis no hospital ocasionada pelas paralisações de obras. “Nos últimos anos houve uma diminuição no número de leitos disponíveis aqui no Hospital Universitário, porque infelizmente nós tivemos algumas obras de reforma que tiveram problemas. Essas obras acabaram sendo paralisadas por vários motivos e então estamos no esforço grande aqui, da gestão e do nosso superintendente, atrás de recursos para início de 2019”.
O Humap-UFMS possui, atualmente, 232 leitos registrados no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) e todos fazem parte de contrato com a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau). Cláudia Lang explica que a falta de leitos no município sobrecarrega e ocasiona o excesso de pacientes no pronto-socorro do Humap-UFMS. “Devido à falta de leitos em geral no município, no estado, inclusive no país, a gente sempre tem um excesso de pacientes no corredor do pronto-socorro, em média 30 pacientes a mais. Então dos 232 leitos que nós efetivamente temos, geralmente nós temos 20 a 30 pacientes a mais que ficam nos corredores em macas e às vezes até em cadeiras”.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS), Alex Finamore a diminuição da quantidade de leitos está relacionada ao baixo investimento na saúde. “O que temos avaliado é que tanto em Mato Grosso do Sul, como em todo o Brasil houve uma diminuição em torno de 10% no investimento em saúde, o que ocasionou a diminuição do número de leitos. Essa redução de investimento provenientes do Governo Federal acarretou também em falta de medicamentos e insumos por um tempo determinado. Porém, a situação hoje já se encontra regularizada neste quesito”.
O secretário da Sesau, Marcelo Vilela afirma que cada estado e município deve comprovar a necessidade de aumento dos recursos para contratar um número maior de leitos hospitalares. “Essa diminuição de leitos para o SUS é nacional, não é só no nosso estado. Em cada estado, em cada município, ele tem que comprovar a necessidade de aumento de recursos para a contratação de mais leitos. O que acontece é o seguinte, a inflação no serviço hospitalar, principalmente, ela é uma inflação muito maléfica ao sistema”.
Segundo o assessor de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (Ses-MS), Airton Raes, Mato Grosso do Sul possui 6.280 leitos públicos e privados e destes, 3.939 são atendidos pelo Sus. Raes ressalta que, entre 2015 e 2018, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul entregou 194 leitos novos, entre eles no Hospital Regional Dr. José de Simone Netto de Ponta Porã e Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão, além de 60 leitos de Unidade de Tratamento Intenso (Uti).
De acordo com a pesquisa da CNM, em 2018 somente o Piauí apresentou cobertura total de 100% da população na Atenção Primária, seguido por Paraíba com 98% e Tocantins com 95%. Mato Grosso do Sul apresentou cobertura de 77,94%. Os municípios do interior do estado tiveram redução de 12,63 e em Goiás de 19,03%, entre os que apresentavam maior variação na diminuição de leitos hospitalares do Sus da região Centro-Oeste.
Para a chefe da Divisão de Gestão do Cuidado do Humap-UFMS, Cláudia Lang os leitos hospitalares são essenciais para o atendimento e recuperação dos pacientes. “A importância do leito é justamente para atender aquele paciente que tem uma doença, uma patologia, de uma complexidade maior e que necessita desse leito hospitalar para receber o atendimento. Então é de extrema importância no atendimento ao cidadão os leitos hospitalares na nossa cidade”.
O assessor de imprensa da Ses-MS, Airton Raes afirma que 947 novos leitos hospitalares encontram-se em construção, com investimento de R$ 350 milhões. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e o Hospital Regional de Três Lagoas, que está em obras, estão entre os hospitais que oferecerão estes leitos.