SAÚDE

Método Wolbachia avança para a quarta fase em Campo Grande

Método utiliza a bactéria Wolbachia no organismo de mosquitos Aedes aegypti para combater doenças causadas pelo vírus da dengue, Zika e chikungunya

Amanda Maia, Carolina Rampi Gimenes, Maria Isabel Manvailer e Raissa Trelha18/11/2021 - 12h11
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O Método Wolbachia, instalado em Campo Grande em dezembro de 2020, avançou para a quarta fase no mês de novembro 2021 com o início do engajamento da população em nove bairros da capital. O projeto chega a 50% das fases de implementação na cidade. A liberação dos mosquitos faz parte da estratégia do Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzido no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com o apoio financeiro do Ministério da Saúde.

O método consiste na utilização do mosquito Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia em seu organismo e tem o objetivo de controlar arbovírus como dengue, Zikachikungunya e febre amarela. A bactéria está presente em mais de 60% dos insetos, como mariposas, borboletas e abelhas. A Wolbachia quando presente no mosquito, impede que o vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolva no inseto.

A produção dos locais em que os mosquitos com a Wolbachia são armazenados, é limitada. A primeira liberação aconteceu em dezembro de 2020, entre os meses de dezembro e junho de 2021 foi finalizada a primeira fase em dez bairros da capital. Até o final de 2023 Campo Grande será o primeiro município do Brasil a receber os wolbitos. 

A quarta fase iniciada conta com quatro meses de participação comunitária, onde os agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde são capacitados para orientar a população sobre o método. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e instituições de ensino são informadas no momento das visitas. Segundo o biólogo e gestor de implementação do Método Wolbachia em Campo Grande, Antônio Brandão os resultados apresentados mostram a eficácia para os quatro tipos de dengue e febre amarela urbana.

Primeira Notícia · Antônio Brandão coordenador do projeto Wolbachia em Campo Grande fala sobre a comprovação do método

Toda a população é informada sobre a implementação do projeto antes da liberação dos Wolbitos no momento em que são realizadas as pesquisas de campo. Mais de 90% da população dos bairros é favorável as pesquisas. Segundo a superintendente de Vigilância de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Veruska Lahdo antes do início de qualquer fase, é feito um engajamento comunitário para alertar a população de determinada área sobre a aplicação do método.

A fase um teve início em sete bairros e liberou cerca de 10 milhões de mosquitos, a fase dois abrangeu dez bairros, teve início em julho e se estendeu até outubro com a liberação de mais de nove milhões de wolbitos. A fase três contemplou quinze bairros da cidade e liberou mais de 10 milhões de wolbitos. O Wolbachia promove a substituição da população de mosquitos, ou seja, eles continuam existindo com a bactéria em seu organismo, diferente de outros métodos.

De acordo com Veruska Lahdo o método Wolbachia é autossustentável, pois o processo de produção de mosquitos com Wolbachia é moderada. “Vai chegar um momento em que, com a soltura que é realizada iremos ter uma população grande de mosquitos com a bactéria. Irá chegar um momento onde não precisaremos mais da biofábrica nem do cuidado dos mosquitos. Os mosquitos que saem com a bactéria cruzam com os mosquitos que já estão no meio ambiente e produzem ovos com a bactéria introduzida”.

Elaborado por: Amanda Maia

A população pode contribuir com diminuição da proliferação dos mosquitos transmissores de doenças ao realizar os cuidados necessários nas residências, quintais, terrenos e descarte adequado de resíduos. Os moradores da capital recebem o auxílio dos agentes locais, que fazem visitas domiciliares e prestam serviço de orientação aos moradores. Outras formas de combate ao inseto são o Piriproxifem, um análogo de Hormônio Juvenil que elimina as larvas do mosquito e o fumacê que elimina os mosquitos adultos.

Segundo a bióloga e pesquisadora em Saúde e Tecnologia pelo programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na região Centro-Oeste, doutora Juliana Miron Vani os moradores devem cuidar de suas casas e quintais e aconselhar os vizinhos que façam o mesmo. “Ele deve ser fiscal, da sua rua, do seu vizinho caso veja algo irregular, em um terreno baldio, alguém jogando lixo em lugares não apropriados, entre em contato com a equipe da Prefeitura que eles vão atender a demanda”.

O método Wolbachia é uma nova medida de combate existente segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo. “Ele é mais uma ferramenta de prevenção que o município vai poder adotar. A questão do fumacê, da borrifação do inseticida são ferramentas mas a mais eficaz é evitar a proliferação de criadouros que possam servir de criadouros para o aedes aegpity”.

Para a médica infectologista, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)  e docente da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Mariana Croda o combate a dengue, chikungunya e Zika é difícil e ainda não há um sucesso efetivo. Ela diz que as campanhas para tentar minimizar a proliferação das doenças se tornam ineficazes ao longo dos anos, então o método pode apresentar uma maior projeção. 

Primeira Notícia · A infectologista Mariana Croda fala sobre expectativas com o método Wolbachia

Serviço 

A biofábrica fica localizada no Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul na Avenida Senador Filinto Muler, 1666, Vila Ipiranga. O telefone é o (67) 3345-1300.

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