SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS

Mortes por síndrome respiratória aguda grave aumentam 12% no Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul registrou 502 mortes por síndrome respiratória aguda grave em 2023, e Campo Grande representa 43,6% das mortes no estado; os principais agentes causadores de síndromes respiratórias são o vírus sincicial respiratório e coronavírus

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur, Maurício Aguiar20/09/2023 - 10h29
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Mato Grosso do Sul registrou 502 mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em 2023. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) notificou 56 mortes no mês de agosto, um aumento de 12% em relação ao mês de julho. A SES contabilizou 5.826 casos de SRAG no estado em 2023. 

Campo Grande representa 43,6% dos óbitos associados às síndromes respiratórias agudas graves no estado em 2023, com 219 mortes resgistradas. A Secretaria de Estado de Saúde registrou 2.403 ocorrências de SRAG neste ano na capital. O vírus sincicial respiratóriocoronavírus e o rinovírus são as principais causas de SRAG no estado. 

Segundo a gerente de Influenza e Doenças Respiratórias da SES, Lívia de Mello Almeida Maziero a notificação dos casos é essencial para mapear os locais com a maior incidência da doença no estado e identificar quais são os principais agentes causadores. “É importante para conhecer onde a condição clínica ocorre com maior frequência, identificar agentes etiológicos causadores dessas internações, intensificar medidas de prevenção e embasar tomada de decisão por gestores de saúde pública”. A gerente aponta que o aumento de casos notificados sobrecarrega o sistema de Saúde com a ocupação de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). 

O médico pneumologista Ronaldo Perches Queiroz indica que o inverno, a baixa umidade do ar e a fumaça provocadas por queimadas urbanas e florestais agravam os quadros clínicos de pacientes portadores de doenças respiratórias. “A mucosa nasal tem como função aquecer o ar que respiramos, filtrar este ar de impurezas e umidificar o ar que vai entrar nos pulmões. Com essas condições climáticas, existe um ressecamento da mucosa nasal, o que gera pequenas fissuras, e nessa época de outono e inverno, os vírus e as bactérias penetram mais facilmente nessa mucosa ressecada das vias aéreas superiores”. 

Dados do boletim epidemiológico divulgado pela Superintendência de Vigilância em Saúde da SES no dia seis de setembro indicam que crianças de um a nove anos são os principais afetados pelas doenças respiratórias graves, representam 30,6% dos casos. Recém-nascidos são o segundo em número de casos, em 26,6% das ocorrências. Os idosos com mais de 80 anos representam a terceira faixa etária com o maior número de casos registrados, em 8,3% das notificações, é o grupo com o maior número de óbitos registrados, com 27,7% das mortes. 

Queiroz explica que as SRAG são insuficiências respiratórias graves, responsáveis pela aparecimento de sintomas como tosse, secreção nasal, febre, broncoespasmos, baixa saturação e dificuldade de respiração. As síndromes atingem principalmente recém-nascidos, crianças e idosos, por possuírem baixa imunidade. “Devido ao lockdown, as pessoas saíram pouco e acabaram não tendo contato com esses vírus, que são vírus comuns, como do resfriado e da gripe que causavam quadros leves. Com dois anos de distanciamento a população não criou anticorpos para esses vírus e as pessoas pegaram gripes fortíssimas quando foram para às ruas”.

Primeira Notícia · Pneumologista, Ronaldo Querioz comenta sobre a SRAG e seus principais vírus

O filho de quatro meses da auxiliar de saúde bucal, Aline Dantas ficou internado no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) para tratamento de quadro clínico de pneumonia, que evoluiu após uma gripe tratada incorretamente. Aline Dantas relata que o filho recebeu diagnóstico inadequado após atendimentos realizados em duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na capital. “A pediatra avaliou, prescreveu dipirona e já estava nos dispensando novamente quando expliquei a ela sobre todos os atendimentos anteriores e a recomendação da outra pediatra sobre o raio X. Ela não gostou de ser questionada, mas mesmo assim, fez um novo pedido de raio X e pediu para voltar quando estivesse pronto”. 

A auxiliar de saúde bucal relata que o filho ficou três dias internado na área amarela do Humap-UFMS e recebeu o tratamento por oxigenoterapia em razão da baixa quantidade de oxigênio em sua corrente sanguínea. “Desde a primeira avaliação fizeram a ausculta pulmonar, em nenhuma houve alteração, todos os médicos e enfermeiros falavam a mesma coisa, que o pulmão dele estava limpo. Somente após o raio x houve diagnóstico correto, e o pior, que tanto na UPA como no Hospital, estava lotado com crianças com os mesmos sintomas e o mesmo diagnóstico”.

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