SAÚDE

Mortes por suicídio entre a população indígena de Mato Grosso do Sul alertam Ministério da Saúde

Mato Grosso do Sul é o segundo estado no Brasil com maior número de casos, nos últimos quatro anos foram registradas 131 mortes, equipe do Ministério da Saúde vem ao estado para capacitar profissionais da Saúde indígena

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur e Maurício Aguiar16/08/2023 - 20h20
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A população indígena de Mato Grosso do Sul está entre as que mais comete suicídio no Brasil. O estado é o segundo do país com o maior número de mortes por suicídio, com 28 casos registrados em 2022. Cerca de 78% dos óbitos ocorreram na população masculina.

Mato Grosso do Sul contabilizou 131 ocorrências de suicídio nos povos originários entre 2019 e 2022. AmazonasRoraima e Mato Grosso do Sul somam 74% dos suicídios indígenas nos últimos quatro anos. Os indivíduos com até 19 anos de idade representam um terço dos casos.

De acordo com o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas de 2022, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), foram registradas 535 mortes por suicídio entre indígenas no Brasil nos últimos quatro anos. O doutor em Antropologia da Iberoamérica com experiência em Etnologia e Povos Indígenas, Antônio Hilário Urquiza afirma que diversos fatores influenciam o fenômeno. “São impactos de mudanças culturais com a presença das cidades muito próximas e a necessidade de sair da aldeia para trabalhar, é uma crise de identidade, sobretudo na população mais jovem que são aqueles que mais cometem o suicídio, é a falta de perspectiva de futuro”.

Segundo o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Mato Grosso do Sul, Arildo Alves Alcântara uma equipe do Ministério da Saúde chegou ao estado neste domingo (20) para capacitar os profissionais da DSEI com palestras e cursos. “Iremos discutir e achar mecanismos para fazer um trabalho voltado à questão da saúde mental e conseguir uma diminuição no quadro de suicídios aqui no estado”. Alcântra relata que assumiu a coordenação do Distrito com poucos recursos e que a unidade prepara o novo Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI) para 2024.

De acordo com o coordenador, ações conjuntas com outros órgãos públicos são necessárias para combater as altas taxas de suicídio na população indígena do estado. O subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza afirma que o acesso aos direitos básicos, como alimentação, moradia, trabalho, educação e lazer, contribui no bem estar mental da população indígena. “Tem que ter um olhar mais abrangente da política de saúde, não é simplesmente unidade básica, remédio, ambulância ou equipe de saúde, é preciso também investimentos por parte dos governos, de modo que a gente tenha dignidade e qualidade de vida”.

Primeira Notícia · Subsecretário Fernando Souza comenta a respeito do serviço de saúde indígena em MS

A indígena da etnia Terena e comerciante Maria Auxiliadora reforça que os transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, são pouco discutidos na comunidade indígena. A comerciante relata que tentou suicídio após a morte da mãe. "É uma situação que precisa de muita força para querer superar, mas que, infelizmente, muitos não conseguem e acabam perdendo".

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