TEMPO SECO

Mato Grosso do Sul tem treze cidades que estão entre as de clima mais seco do país

Condições climáticas adversas impactaram 13 cidades em Mato Grosso do Sul, com umidade relativa do ar abaixo de 20%; situação de baixa umidade do ar aumenta o risco de doenças respiratórias, desidratação corporal

Luiza Vonghon, Marcus Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell14/11/2023 - 14h35
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Mato Grosso do Sul, neste mês de novembro, contabilizou 13 cidades entre as 20 mais secas do país. A média da unidade relativa do ar em Mato Grosso do Sul ficou em 30% em novembro do ano passado. A cidade de Coxim aparece em quarto lugar na lista das cidades com a menor umidade relativa do ar no estado, com 13%. Amambaí, Campo Grande e Porto Murtinho apresentaram uma umidade relativa de 14%.

As variações naturais do clima, como o fenômeno La Niña, favorecem a ocorrência de períodos secos no estado. A ocorrência do fenômeno El Niño impede o avanço das frentes frias pelo território brasileiro, que ficam retidas nas regiões Sul e Sudeste, e ocasionam dias mais chuvosos nas regiões e dias mais quentes no Centro-Oeste. A baixa umidade relativa do ar provoca o aumento de poluentes na atmosfera, como o processos de combustão que ocorre em motores de veículos, em processos industriais ou durante a queima de resíduos.

A coordenadora do Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec MS), Valesca Rodriguez Fernandes explica que existe diferenças entre períodos de estiagem e de seca. Segundo Valesca Fernandes, a estiagem é caracterizada por ser um período prolongado de baixa pluviosidade, e o período de seca pela presença de baixa umidade. “Na estiagem há um período de pouca incidência de chuvas, no qual a perda de umidade do solo é superior à sua reposição. Na seca, há o tempo seco, prolongado o suficiente para que a ausência, deficiência acentuada ou fraca distribuição da chuva provoque grave desequilíbrio hidrológico".

O climatologista Julio Cesar Gonçalves explica que a umidade relativa do ar ideal para o ser humano é em torno de 60%. “Se ela cair abaixo ou for muito acima de 60%, haverá uma série de consequências para o meio ambiente, homem, animais e vegetais que habitam esse local”. Gonçalves pontua que o período seco no estado se deve à massa de ar tropical continental do Chaco e ao El Niño. “A atuação da massa de ar tropical continental do Chaco que fica na região central da América do Sul e é quente e seca. A ocorrência do fenômeno El Niño, que impede o avanço das frentes frias".

A geógrafa Gislene Figueiredo Ortiz Porangaba explica que a baixa umidade do ar no estado é uma condição caracterizada pela dinâmica natural do clima tropical. “Durante os meses de inverno e início da primavera, a gente está num período mais seco, que é caracterizado com umidade relativa do ar inferior a 30% durante alguns momentos do dia”. Gislene Figueiredo relata que a baixa umidade do ar potencializa o efeito de gases poluentes presentes na atmosfera. “A baixa umidade relativa do ar compromete a qualidade do ar e auxilia no aumento da concentração de poluentes na atmosfera. E esses poluentes interferem na saúde das pessoas de forma direta, causando muitos problemas respiratórios e nos olhos das pessoas”.

A otorrinolaringologista Carla Graciliano explica que o tempo seco aumenta o risco de infecções respiratórias e de sangramento nasal, causados pela entrada de ar com baixa umidade na região nasal. “O clima afeta as estruturas posteriores, a rinofaringe, que é a comunicação do nariz com a garganta, e a orofaringe, e a faringe. Criam-se microfissuras que abrem espaço para as germes oportunistas que estão ali dentro”.

Carla Graciliano pontua que coriza, ardência nasal, tosse, fadiga e dor de cabeça são sinais de risco para a saúde nasal. A persistência dos sintomas iniciais causa ressecamento, pigarro, e favorece o espessamento das secreções na região nasal. “Os cuidados principais são não se expor ao sol nos momentos de alta temperatura, se hidratar, evitar de utilizar o Neosoro no lugar do soro fisiológico, e  lavar o nariz pelo menos umas duas ou três vezes por dia”.

A estudante do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ana Cláudia Goes possui asma, e afirma que a baixa umidade ocasiona a piora da doença e de crises alérgicas. Segundo Ana Cláudia Goes os sintomas com maior ocorrência durante os períodos mais secos do ano são rinite alérgica, espirros, coriza e dificuldade para respirar. “Além desses sintomas eu tenho muitas crises alérgicas muito fortes, alergia a poeira que piora o caso de asma”. A estudante ressalta que sente um aumento das crises de asma no tempo seco e usa remédios para melhorar os episódios alérgicos. “Eu consigo perceber que caso eu não chegue em casa e faça inalação, eu vou ter uma crise de asma, tenho mais crises do que o normal com esse tempo”.

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