Mato Grosso do Sul, neste mês de novembro, contabilizou 13 cidades entre as 20 mais secas do país. A média da unidade relativa do ar em Mato Grosso do Sul ficou em 30% em novembro do ano passado. A cidade de Coxim aparece em quarto lugar na lista das cidades com a menor umidade relativa do ar no estado, com 13%. Amambaí, Campo Grande e Porto Murtinho apresentaram uma umidade relativa de 14%.
As variações naturais do clima, como o fenômeno La Niña, favorecem a ocorrência de períodos secos no estado. A ocorrência do fenômeno El Niño impede o avanço das frentes frias pelo território brasileiro, que ficam retidas nas regiões Sul e Sudeste, e ocasionam dias mais chuvosos nas regiões e dias mais quentes no Centro-Oeste. A baixa umidade relativa do ar provoca o aumento de poluentes na atmosfera, como o processos de combustão que ocorre em motores de veículos, em processos industriais ou durante a queima de resíduos.
A coordenadora do Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec MS), Valesca Rodriguez Fernandes explica que existe diferenças entre períodos de estiagem e de seca. Segundo Valesca Fernandes, a estiagem é caracterizada por ser um período prolongado de baixa pluviosidade, e o período de seca pela presença de baixa umidade. “Na estiagem há um período de pouca incidência de chuvas, no qual a perda de umidade do solo é superior à sua reposição. Na seca, há o tempo seco, prolongado o suficiente para que a ausência, deficiência acentuada ou fraca distribuição da chuva provoque grave desequilíbrio hidrológico".
O climatologista Julio Cesar Gonçalves explica que a umidade relativa do ar ideal para o ser humano é em torno de 60%. “Se ela cair abaixo ou for muito acima de 60%, haverá uma série de consequências para o meio ambiente, homem, animais e vegetais que habitam esse local”. Gonçalves pontua que o período seco no estado se deve à massa de ar tropical continental do Chaco e ao El Niño. “A atuação da massa de ar tropical continental do Chaco que fica na região central da América do Sul e é quente e seca. A ocorrência do fenômeno El Niño, que impede o avanço das frentes frias".
A geógrafa Gislene Figueiredo Ortiz Porangaba explica que a baixa umidade do ar no estado é uma condição caracterizada pela dinâmica natural do clima tropical. “Durante os meses de inverno e início da primavera, a gente está num período mais seco, que é caracterizado com umidade relativa do ar inferior a 30% durante alguns momentos do dia”. Gislene Figueiredo relata que a baixa umidade do ar potencializa o efeito de gases poluentes presentes na atmosfera. “A baixa umidade relativa do ar compromete a qualidade do ar e auxilia no aumento da concentração de poluentes na atmosfera. E esses poluentes interferem na saúde das pessoas de forma direta, causando muitos problemas respiratórios e nos olhos das pessoas”.
A otorrinolaringologista Carla Graciliano explica que o tempo seco aumenta o risco de infecções respiratórias e de sangramento nasal, causados pela entrada de ar com baixa umidade na região nasal. “O clima afeta as estruturas posteriores, a rinofaringe, que é a comunicação do nariz com a garganta, e a orofaringe, e a faringe. Criam-se microfissuras que abrem espaço para as germes oportunistas que estão ali dentro”.
Carla Graciliano pontua que coriza, ardência nasal, tosse, fadiga e dor de cabeça são sinais de risco para a saúde nasal. A persistência dos sintomas iniciais causa ressecamento, pigarro, e favorece o espessamento das secreções na região nasal. “Os cuidados principais são não se expor ao sol nos momentos de alta temperatura, se hidratar, evitar de utilizar o Neosoro no lugar do soro fisiológico, e lavar o nariz pelo menos umas duas ou três vezes por dia”.