ASMA

Número de diagnósticos de asma na Capital reduz em 46,6% no primeiro trimestre

A mudança de estação, período de seca e grandes amplitudes térmicas são fatores agravantes para as crises de asma

Jean Celso, Jhayne Lima e Leticia Marquine28/05/2019 - 11h37
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O número de pacientes diagnosticados com asma em Campo Grande reduziu 46,6% no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. Segundo informações do assessor de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde Pública, Wellington Pena foram 2.967 casos registrados nos três primeiros meses do ano passado e 1.586 no mesmo período de 2019. De acordo com o Plano Municipal de Saúde, a asma está entre as dez maiores causas de procura aos serviços de saúde na capital.  

Segundo o pneumologista e presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia de Mato Grosso do Sul, Henrique de Brito, as mudanças climáticas agravam os sintomas da asma, principalmente durante o período de transição do outono para o inverno. “O nosso inverno é muito seco, então além do ar estar mais frio e favorecer, em compensação o ar seco desidrata a mucosa respiratória e a mucosa desidratada favorece a entrar em estímulo alérgico e desencadear doenças”.

De acordo com Brito, estima-se que no Brasil cerca de 20% da população tenha asma, o equivalente a 20 milhões de brasileiros. “É uma doença subnotificada, é preciso lembrar que é uma doença de origem alérgica que vai levar diversos sintomas, principalmente a falta de ar, dificuldade de realizar atividades físicas e vários outros sintomas”.

Brito afirma que a doença se manifesta inicialmente pelo sibilo, um barulho no peito, que é conhecido como o ruído característico de pessoas que possuem asma. “A falta de ar e o chiado no peito podem ser desencadeados por meio da alergia de pêlos de animais, poeira ou produtos domésticos. A tosse também pode aparecer de forma muito presente, podendo ser seca ou com secreção”.

De acordo com o médico pediatra, Pedro do Amaral as complicações nos quadros de asma são ocasionadas pelas grandes oscilações de temperatura ao longo do dia, nesta época do ano, o que aumenta a hiperresponsividade brônquica e produção de secreção. “A crise ocorre quando há um fator de gatilho, uma alteração de temperatura brusca pode ser um”.

Amaral explica que a asma é uma doença sem cura, possui possibilidades de tratamentos antes, durante e depois de uma crise asmática. Ainda segundo o médico, com o controle adequado é possível conviver com a doença.

O estudante Keller Souza foi diagnosticado com asma aos seis anos de idade. Ele afirma que sentiu os impactos da doença em seu cotidiano. “Como começou muito cedo eu não sabia direito o que era isso [asma], eu só sabia que eu tinha que tomar alguns cuidados quando estava frio ou quando o clima estava seco. Eu não podia correr, e para uma criança entender isso é bem difícil".

Souza ressalva que em épocas do ano mais secas, a dificuldade de respirar é maior. “Minha respiração fica pesada e eu tenho que tomar mais cuidado ainda quando o tempo está seco e quando está bem frio, quando chega no inverno tenho que tomar bastante cuidado, porque qualquer coisinha minha asma pode atacar”.

O estudante relembra que foi internado mais de uma vez por complicações da doença. “Eu era do time de handball, então quando chegava no final do jogo eu estava muito exausto. Muitas vezes quando eu exagerava, a asma atacava e eu ficava mal por muito tempo. Muitas vezes eu tive que ir ao hospital de madrugada e ficava internado até de manhã”.

Maria Luiza Barbosa é estudante e também foi diagnosticada na infância. Ela relata que apresenta outras doenças respiratórias associadas ao quadro de asma, como a rinite e a bronquite.“Fica frio e eu já começo a ficar com alergia e asma. Eu fico muito mal no frio, principalmente quando eu estou gripada com a imunidade baixa, a asma ataca muito mais”.

Maria Luiza afirma que períodos mais secos deixam sua asma mais sensível (Foto: Jean Celso)

De acordo com Maria Luiza, alguns cuidados como evitar a inalação de fumaça de cigarros, manter as roupas de cama e a casa sempre limpas e fazer o uso do umidificador são fatores que a auxiliam a evitar as crises de alergia e asma. “Eu tenho que ficar longe de fumaça, de pessoas que fumam, minha mãe tenta deixar junto comigo a casa bem limpa, porque poeira me dá alergia”.

 

 

SERVIÇO

Os atendimentos de pacientes com asma são realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) para acompanhamento e tratamento. Atendimentos de casos emergenciais de crises asmáticas são realizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nos Centros Regionais de Saúde (CRS).

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