Problemas respiratórios, como rinite, sinusite e bronquite aumentaram nos últimos meses em Mato Grosso do Sul devido as altas temperaturas e a baixa umidade do ar. As cidades de Corumbá, Água Clara e Três Lagoas tiveram as temperaturas mais altas do país no dia 20 de setembro, segundo dados divulgados pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec). Esse aumento de temperatura é consequência das mudanças climáticas.
Mato Grosso do Sul, que possui predominantemente clima tropical, teve níveis de umidade relativa do ar que contribuíram para um ambiente propício a queimadas e menor qualidade do ar para a saúde humana. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registraram, dia 22 de julho deste ano, umidade relativa do ar de 7% no Estado, considerado nível de emergência pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O médico pneumologista Henrique Ferreira de Brito comenta que “segundo a Organização Mundial da Saúde, o ideal é que a umidade relativa do ar fique acima de 50%. Quando ela fica entre 30 e 20%, chama-se estágio de atenção, entre 20 e 12%, chama-se estágio de alerta e menor que 12% é o estágio de emergência.”
A coordenadora e meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima do MS (Cemtec), Valesca Fernandes explica que com as mudanças climáticas, "algumas áreas poderão enfrentar seca extrema ou, em algumas regiões, um aumento exagerado das chuvas. Estes eventos extremos, poderão causar inundações e deslizamentos de terras. Além disso, diversos animais e plantas serão diretamente afetados, gerando extinção de uma grande quantidade de espécies. Outra questão, é a saúde da população que também é afetada, devido a poluição atmosférica que ocasiona doenças respiratórias”.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente criou um software, em 2017, chamado Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima) para mapear a vulnerabilidade das mudanças climáticas em cada região brasileira. Segundo os dados coletados, Juti, Miranda e Antônio João são alguns dos municípios mais vulneráveis às mudanças climáticas em Mato Grosso do Sul. O software também registra que Campo Grande e Corumbá são os mais suscetíveis a doenças causadas como consequência da situação climática, como a Dengue.
Brito afirma que o tempo seco é o “grande vilão” do sistema respiratório. Ele explica que a mucosa respiratória, sistema do corpo humano que filtra o ar, possui três funções principais, umidificar, aquecer e filtrar organismos e bactérias que agem como agressores à saúde. A mucosa respiratória precisa estar hidratada para seu bom funcionamento e por isso é importante tomar água de forma constante.