DENGUE

Casos de Dengue aumentam 80% em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul tem epidemia de Dengue, a falta de limpeza em quintais e terrenos baldios contribuem para a proliferação do mosquito no período chuvoso e também em período de seca, as alterações climáticas ampliam o tempo de proliferação do contágio

Luiza Vonghon, Marcus Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell26/08/2023 - 09h32
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Mato Grosso do Sul tem epidemia de Dengue neste ano, as alterações no regime de chuvas, mudanças genéticas no sorotipo do vírus da doença e variação climática são os fatores que contribuem para o aumento no números de casos positivos registrados. O estado tem a segunda maior incidência de Dengue, com média de 1.391 casos para cada 100 mil habitantes.  Campo Grande é a cidade com o maior número de casos de Dengue registrados no estado, com mais 11 mil casos confirmados.

O município de Campo Grande apresentou um total de 11.441 casos confirmados. Três Lagoas e Corumbá ocupam a segunda e a terceira posição de casos positivos, com 4.576 e 1.679. As mortes por Dengue no estado ocorreram principalmente entre março e abril, meses com 16 e 10 óbitos, respectivamente.

Bianca Godoy explica as medidas de prevenção da dengueBianca Godoy explica as medidas de prevenção da Dengue (Créditos: Luiza Vonghon)

A enfermeira e especialista em Serviço de Saúde, Bianca Modafari Godoy relata que o aumento do número de casos positivos da doença resulta da classificação do estado como endêmico para as arboviroses. Dengue, Chikungunya e Zika estão entre as doenças mais ocorrentes. Bianca Godoy também explica que os números obtidos em 2023 resultam da subnotificação dos números coletados durante os anos de 2021 e 2022, período da pandemia de Covid-19.

Bianca Godoy explica que o período mais favorável à proliferação do mosquisto transmissor corresponde à sazonalidade da doença.  Os agentes de vigilância intensificam os processos de monitoramento de quintais e terrenos durante essa época. “Por exemplo, agora nós vamos entrar em outubro, então nós já ficamos em alerta, já preparamos as nossas ações de prevenção para minimizar o máximo possível de casos”.  Segundo o Boletim Epidemiológico emitido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) os casos suspeitos e confirmados aumentaram a cada mês.

A professora de Educação Infantil, Celiane Figueira contraiu Dengue em fevereiro deste ano. O filho de 10 anos e a mãe de 72 anos também foram infectados e receberam atendimento médico hospitalar em virtude do agravamento dos sintomas provocados pela doença. “Como ela [mãe] estava muito fraca, desidratada e com muita dor, o médico suspeitou que fosse Dengue hemorrágica e a internou. Ela ficou dois dias internada e meu filho ficou um dia”. 

Segundo o médico infectologista Hilton Luís Alves Filho os principais sintomas da doença são febre, com duração de dois a sete dias, assim como dores no corpo, Cefaleia, pressão ocular e o aparecimento de manchas avermelhadas pelo corpo. “São sintomas comuns como qualquer outra virose, é importante pensar na área que a pessoa vive, se há casos confirmados, seja na mesma casa ou no próprio bairro”. Alves relata que náuseas, dor abdominal, dificuldade de respirar e inchaços são outros sinais de alerta para suspeita dos casos mais graves de Dengue. "O paciente precisa ser avaliado, e em alguns casos, internado para obervação médica".

Alves enfatiza que a doença aumenta os riscos de desidratação e que o tratamento para os casos comuns é baseado na ingestão de líquidos. "A parte líquida do sangue que faz o sangue circular pode sair para fora do vaso sanguíneo, o que pode causar dificuldade respiratória. É recomendado que o paciente beba bastante água, chá e soro caseiro. A nova vacina, Qdenga, tem alta eficácia, evita hospitalização e previne de forma sintomática ou assintomática, em todos os quatro sorotipos da doença".

O educador físico Pedro Henrique Macedo Barbosa, de 24 anos, ficou internado por uma semana após o diagnóstico positivo para a doença. Barbosa procurou ajuda médica na cidade de Cassilândia, após ter sangramentos na gengiva, dor nos olhos e na face. Barbosa explica que os sintomas apareceram de forma simples e com o passar dos dias se agravaram. “Eu sentia muita dor na face, como se estivesse endurecendo, e atrás dos olhos. Não conseguia ver claridade, doía muito”.  

A superintendente em Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Campo Grande (Sesau), Veruska Lahdo relata que a ausência de limpezas regulares em quintais e terrenos, assim como a presença de água parada em pneus, vasos de plantas e garrafas, são os principais motivos para a manutenção do alto número dos casos registrados pela Sesau. “O poder público faz suas ações, constantemente estamos na ruas, fazemos a orientação de não deixar água parada, não deixar objetos que possam abrigar o foco do mosquito da Dengue, visitamos as casas, fazemos mutirões de limpeza nos bairros. Só que o grande problema é que precisamos do apoio da comunidade. Levar a conscientização da população que ela precisa sim olhar o seu quintal constantemente, e não descartar materiais em vias públicas ou terrenos, pois 80% dos focos a gente encontra nos quintais das casas".

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