SAÚDE

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 78% dos homens cuidam mais da saúde após pré-natal

A participação em exames de pré-natal de conjuge motiva homens para cuidar melhor da saúde

Guilherme Brasil, João Lucas, Thiago Spila21/11/2018 - 00h07
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Pesquisa do Ministério da Saúde realizada com homens aponta que cerca de 71,75% dos entrevistados afirmaram ter participado das consultas de pré-natal com suas parceiras e 78,10% sentiram-se mais motivados a cuidar melhor da própria saúde após a gestação da esposa. Os dados da pesquisa "Saúde do Homem, Paternidade e Cuidado" realizada pela Coordenação Nacional de Saúde do Homem e pelo Departamento de Ouvidoria do Sistema Único de Saúde divulgada no mês de novembro, apresenta os resultados da terceira etapa da pesquisa.

De acordo com o documento, a pesquisa objetiva obter dados sobre o acesso, acolhimento e cuidados com a saúde masculina nos serviços públicos de saúde. Nesta etapa foram feitas 439 entrevistas em Mato Grosso do Sul, entre março de 2017 e março de 2018. A pesquisa revela também que 37,13% dos entrevistados "não têm o costume de frequentar postos de saúde, Unidades de Pronto Atendimento ou hospitais públicos". Desta porcentagem 47,24% indicou "nunca precisar cuidar da saúde".

O urologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), Fernando Coutinho acredita que os resultados da pesquisa condizem com sua prática clínica e afirma que a relação entre médico e paciente é importante na tarefa de acolher os homens no ambiente hospitalar. "Mesmo frequentando o hospital, o homem em geral também é um pouco mais reservado, então muitas vezes não é na primeira consulta que ele vai se sentir a vontade com o médico. Esse é um trabalho de médio e longo prazo, uma coisa cultural que precisa ser mudada com o tempo e com a conscientização".

A ginecologista obstetra do Humap-UFMS, Joana Soares observa que os homens que acompanham o pré-natal das parceiras no ambulatório mostram-se participativos e frequentam com assiduidade as consultas médicas. "Aqui pelo menos a gente tem um envolvimento muito bom e aquele que vem a primeira vez, dificilmente deixa de vir nas outras consultas, só se tiver algum impedimento mesmo. Às vezes eles tem dois, três filhos para cuidar mas não deixam de vir, trazem e até os leva na consulta".

O técnico em soldagem Rogério Carvalho afirma que acompanhar os exames da parceira durante a gestação do segundo filho foi decisivo para se preocupar com sua própria saúde. "Eu confesso que não cuido tanto da minha saúde quanto queria ou igual minha esposa e minha filha, mas com o tempo eu fui me interessando mais. Eu só fiz exames sérios aos 38 anos quando sofri um acidente de moto, mas depois de ter meu segundo filho eu comecei a fazer alguns exames e descobri até um problema no olho direito".

De acordo com a gerente de Atenção à Saúde do Homem da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS), Maria Jesus as campanhas do Novembro Azul são tão importantes quanto às campanhas que o órgão também promove em outros meses do ano. "Ao contrário do imaginado, nosso foco não é apenas em combater o câncer de próstata mas também o auxilio na paternidade e no cuidado à saúde de jovens por exemplo. Um dos eixos principais é o de garantir o acesso e o acolhimento, de trazer o homem para esse ambiente ocupado principalmente pelas mulheres".

Maria Jesus ressalta que as ações de conscientização e acolhimento têm demonstrado resultados desde a adoção de medidas que visam sensibilizar principalmente homens na faixa de 20 e 50 anos. "Temos trabalhado muito bem no estado todo e temos atingido experiências positivas. Por exemplo, temos nove unidades de capacitação de profissionais que posteriormente ministram oficinas e entram em contato com a população. Alguns estados não fazem nem uma oficina sequer".

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