A Prefeitura de Campo Grande (PMCG), por meio da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais (Segov) e da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU), lançou, no dia 20 de agosto, o programa "Direitos Humanos pela Valorização da Vida - Por uma Campo Grande Livre do Suicídio". O programa abordará o tema saúde mental em escolas públicas e privadas de Campo Grande, com o objetivo de promover o diálogo e a conscientização em sala de aula.
De acordo com Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil, divulgado pelo Ministério da Saúde em 2017, Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com maior índice de óbito por suicídio do país. Durante o período de 2011 a 2015 foram registrados 8,8 óbitos por 100 mil habitantes no estado.
O programa tem como foco o incentivo ao debate sobre saúde mental por meio de palestras com o intuito de prevenir o suicídio e identificar os alunos que precisam de assistência psicológica. A iniciativa é formada por uma equipe multidisciplinar composta por advogado especialista em direitos violados, assistente social, psicóloga, psicopedagoga e pelo coordenador do programa, o palestrante e teólogo, Marco Antônio de Morais. O teólogo ressalta que com o projeto há uma conscientização dos próprios jovens. “Quando você fala sobre prevenção ao suicídio, fala das dores, fala das emoções e eles entendem isso, eles viram agentes multiplicadores dentro da escola”. A meta do programa é abordar o tema em todas as escolas da capital.
Morais é responsável pelas atividades realizadas nas escolas e explica que o método de abordagem do projeto consiste em um contato coletivo com os alunos para identificar os estudantes que precisam de assistência. “O meu trabalho em si é ganhar a confiança desses adolescentes, eles precisam acreditar em mim e confiar pra poder falar dos seu problemas pra mim. Eu trabalho com identificação”.
O coordenador destaca a falta de diálogo familiar como parte do debate abordado pela equipe do programa. "O problema da prevenção ao suicídio de menores se dá pelo desajuste familiar. Eu encontro muitos alunos que estão tristes ou entrando em uma depressão, pois não estão conseguindo dialogar com seus pais por não ter um relacionamento com eles. São esses casos que os pais não conseguem identificar, e os filhos não tem essa autoridade para chamá-los para uma conversa”.
Morais ressalta a necessidade de os responsáveis entenderem que a criança ou o adolescente está com algum desequilíbrio emocional. “Tem muitos pais que acham que é apenas uma frescura, uma questão de querer chamar atenção, ou seja, tem pai que dependendo do seu status, da sua condição social, não quer de maneira nenhuma que o seu filho vá a um psicólogo ou a um psiquiatra”. O coordenador enfatiza que é preciso acabar com o receio de buscar o serviço de profissionais da área da saúde mental. “Ainda existe esse tabu, essa coisa de que ir a um psiquiatra ou psicólogo é problema para quem está extremamente fora de si, e não é”.