COQUELUCHE

Surto de Coqueluche na Bolívia provoca casos da doença em Mato Grosso do Sul

A redução da cobertura vacinal é um dos principais motivos que provocaram a ocorrência de novos casos positivos de Coqueluche em Mato Grosso do Sul, as crianças são a faixa etária mais suscetível à contaminação pela infecção respiratória

Luiza Vonghon, Marcus Vinícius Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell 3/09/2023 - 08h09
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A Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul alerta para novos casos Coqueluche, após o surto de casos da doença registrados nos municípios localizados na região da fronteira do estado com a Bolívia, como Corumbá e Ladário. Os municípios de Água Clara e Inocência registraram três casos no estado. A baixa cobertura vacinal é uma das causas para o alerta. 

O Estado registrou 12 casos de Coqueluche nos últimos três anos. Os técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES) orientam que sejam vacinadas crianças até os cinco anos de idade. A Coqueluche é mais agressiva nos bebês e leva a óbito. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Campo Grande (CIEVS-CG) notificou o avanço da doença por meio do Alerta Epidemiológico encaminhado aos profissionais de Saúde.

A superintendente em Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Campo Grande (SESAU) Veruska Lahdo relata que crianças com menos de seis meses e as gestantes são os grupos mais vulneráveis para casos mais graves de Coqueluche. “As gestantes também têm recomendações de profilaxia com a vacina, há um cuidado no período gestacional e sempre recomendamos que elas completem o esquema vacinal. Crianças abaixo de 6 meses que não estão com o esquema vacinal completo também correm o risco de desenvolver as formas mais graves da doença”.

Veruska Lahdo enfatiza que há alto risco de avanço da doença na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e a Bolívia.“Campo Grande não registra casos desde 2021, os últimos 2 casos que tivemos foi em 2020, mas sempre temos casos suspeitos. No estado tivemos 3 casos confirmados no interior e a preocupação é com a cobertura vacinal para as crianças até um ano que não está nem perto do ideal de 95%, que é o recomendado pelo Ministério da Saúde. No ano passado atingimos 79,5% e neste ano, por enquanto, está em 30%”.

A pneumologista pediátrica Lenita Lima explica que a Coqueluche é transmitida por meio de gotículas expelidas por pessoas contaminadas com a bactéria Bordetella pertussis. Os sintomas característicos de outras doenças respiratórias, como tosse, coriza ou febre, são normalmente confundidos com os sintomas característicos da Coqueluche. A tosse paroxística é um dos principais sintomas provocados pela doença. “As tosses podem ser seguidas por um rubor facial e um guincho inspiratório, quando a criança vai respirar e faz um barulhinho. Essa característica é bem típica da Coqueluche".

Lenita Lima reforça que as três doses da vacina pentavalente, responsável pela prevenção da Difteria, Tétano, Coqueluche, Meningite e Hepatite B, devem ser aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade. “Até a criança completar esse esquema vacinal, ela fica mais suscetível a ter a doença e desenvolver sintomas mais graves, porque ela ainda não está completamente imunizada”. O reforço vacinal é realizado a partir da aplicação de duas doses da tríplice bacteriana acelular infantil - DTPa, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. As gestantes devem recorrer à dose da tríplice bacteriana acelular do tipo adulto - dTpa.

Lenita Lima assegura que o tratamento da doença é efetivado por meio da utilização de remédios antibióticos, que garantem a recuperação da criança com mais de um ano de idade, e que os hábitos de higiene auxiliam nas medidas de proteção além da imunização. “O uso de máscara, lavar sempre as mãos com água e sabão e evitar frequentar ambientes fechados com aglomeração, ajuda a evitar a contaminação” Os pacientes da faixa etária dos seis meses apresentam mais riscos de desenvolver quadros graves da doença, fato que demanda a utilização de maiores suportes respiratórios, como a intubação.

A confeiteira Isabella Campovilla, mãe de Levi, de quatro anos, afirma que mantém a carteira de vacinação do filho atualizada para prevenir o risco de contágio de doenças transmissíveis. Isabella Campovilla pontua que o alerta recente de surto de Coqueluche funciona como um meio de enfatizar a necessidade da vacinação em crianças, que por vezes é prorrogada ou evitada pelos pais. “A gente vacina o Levi sempre que precisa, demos as vacinas referentes a cada idade. Agora que ele fez quatro anos, iremos levá-lo para tomar a dose de reforço da DTPa”

 

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