SAÚDE

Trabalho remoto é medida de prevenção a Covid-19 em Campo Grande

Decreto publicado em março de 2021 restringiu diversas atividades presenciais no município como medida de enfrentamento a pandemia da Covid-19

Bianca Tobin, Nathália Alcantara e Taís Wölfert23/05/2021 - 16h27
Compartilhe:

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento da Federação do Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul (IPF/MS) aponta que 34% dos trabalhadores de Campo Grande trabalharam em home office no período de maior restrição do atendimento presencial no mês de março de 2021. O método de trabalho remoto foi instaurado por empresas de Campo Grande desde março de 2020 em decorrência da pandemia da Covid-19. A mudança para o home office ocorre em cumprimento ao Decreto Nº 14.749, publicado em 26 de maio de 2021 que regulamenta o regime de telebralho obrigatório para servidores públicos que possuam doenças condicionantes, cardiovasculares, pulmonares, imunodeficiência, transplantados, maiores de 60 anos, gestantes, lactantes até o sexto mês após o parto e para quem apresentar sintomas da Covid-19. 

Segundo pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS), Federação do Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul e IPF/MS no inicio da pandemia no estado, 15% dos empresários permitiram que os colaboradores trabalhassem em casa como medida para evitar demissões. De acordo com o Decreto Nº 14.683 de março de 2021 que restringia atividades presenciais no município, as atividades de administração pública e atividades inadiáveis relacionadas a serviços jurídicos e contábeis ocorreram no sistema home office. A pesquisa realizada pelo Sebrae/MS aponta que o trabalho em casa é considerado por empresas do estado como uma medida de prevenção a Covid-19 que deve se manter no pós pandemia. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) produziu um manual para dar orientações a empresas e trabalhadores sobre o método home office e apresenta que a ergonomia aplicada ao trabalho remoto pode auxiliar no desenvolvimento das funções durante a pandemia.

O chefe da Secretaria de Assistência Estudantil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Rodrigo Costa passou a trabalhar na modalidade home office desde 22 de março de 2020 e atualmente trabalha no sistema híbrido.“Eu tive que me adaptar, montar toda estrutura para trabalhar em home office porque eu não tinha mesa, cadeira e tudo mais. Trabalhava com notebook e sentado no chão, então realmente era muito desconfortável e para que eu pudesse trabalhar de maneira mais confortável eu tive que fazer investimento em material, infelizmente a UFMS não dá esse amparo de ergonomia para os servidores, para que eles trabalhem na modalidade de home office”.

De acordo com o manual do TST a falta de ergonomia é uma das desvantagens do trabalho remoto e a improvisação de móveis e dispositivos tecnológicos pode causar danos à saúde do trabalhador. A estudante do curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) Karollyne Duarte trabalha em home office desde o dia 22 de fevereiro no Tribunal de Contas da União (TCU), ela afirma que sua postura ao sentar para trabalhar é incorreta. “Eu fico ansiosa, e ao invés de encostar, corretamente e trabalhar na postura certa, eu sempre fico um pouco para frente, ou bem próxima a minha barriga com a mesa”. Karollyne Duarte destaca que seu  ambiente de trabalho irá mudar,  pois planeja adquirir materiais para isso.

ergonomista Priscilla Bueno defende que é importante ter organização pessoal no trabalho em home Office. “Quando a gente fala de home office o trabalho têm que ser encarado como se fosse numa empresa, porém tem toda uma particularidade, desde a privacidade desse trabalhador, e também uma organização do trabalhador como se fosse dentro da empresa, então tem que lembrar da jornada, início e fim, da necessidade de pausa. Não é porque você tá em casa que tem que trabalhar 24 horas, não é porque você tá em casa que vai começar a usar o seu WhatsApp pessoal como ferramenta de trabalho e aí quando você não tá no computador tá no celular trabalhando e a jornada de trabalho não tem fim”.

Para Priscilla Bueno adaptações ergonômicas auxiliam o trabalho home office. “O ambiente além de ser silencioso ele também tem que ser bem iluminado, o local onde de trabalho tem que ser perto da fonte de iluminação. A gente tem que pensar também no posicionamento desse posto de trabalho para evitar reflexos e sombras na tela desse computador. Claro, a gente tem que fazer o melhor que pode na condição que a gente tem, mas adaptar uma cadeira que às vezes não é muito confortável com uma almofada, a altura da tela do computador sempre tem que tá na linha dos olhos. Não tem um suporte para regular a altura do computador, então a gente empilha livros. A ergonomia tem trazido as possibilidades de adaptação dentro desse cenário home office”.

Priscilla Bueno afirma que os hábitos pessoais podem prejudicar a saúde do trabalhador em casa. “O principal hoje de orientação, é que as pessoas se lembrem que os hábitos delas influenciam tanto na saúde quanto na segurança em relação a essa rotina que ela está lidando em casa. Então, algumas situações são mudanças de comportamento e que elas procurem nessa mudança terem esse olhar para a saúde delas agora que estão em casa e muitas vezes não tem um olhar externo ali para falar, olha vamos fazer uma pausa, vamos melhorar essa postura. Então que essa conscientização ocorra ali, porque não tem ninguém olhando, não tem ninguém vendo, ela tá na casa dela e esses hábitos, eles precisam mudar, ter esse cuidado com relação a saúde”.

Atuação das empresas

De acordo com a engenheira de produção, fisioterapeuta e ergonomista, Andressa Abdonor o seu trabalho foi mais solicitado no início da pandemia por causa de legislações e decretos municipais que regulamentam exigências para as empresas. “O setor de segurança do trabalho mudou a dinâmica, a demanda aumentou devido a necessidade de prevenção ao risco biológico, o medo das pessoas de contágio em relação a covid-19 e a necessidade das empresas em investir em prevenção e saúde dos trabalhadores. No quesito ergonomia, também teve um aumento na demanda, principalmente por conta do home office, os trabalhadores na grande maioria que trabalham em postos informatizados foram orientados a trabalharem das suas residências e com isso surge a necessidade de adaptar esses postos também, que o seu ambiente de trabalho seja na sua casa”.

Para Andressa Abdonor as empresas podem se responsabilizar pela ergonomia do trabalhador em home office. “Eu percebo muito os órgãos públicos adotando medidas mais rígidas, um pouco mais assertivas. Alguns estão colocando a obrigatoriedade da análise ergonômica na residência e com isso o trabalhador é obrigado a se adequar, adequar o mobiliário, o seu posto de trabalho, de acordo com a NR17, com normas de ergonomia. Além disso, a empresa oferece treinamento, então faz um planejamento, uma gestão em ergonomia para esse trabalhador ir para casa e ficar home office nas suas atividades laborais e não correr o risco de adquirir uma tendinite, uma lesão ocupacional, devido ao risco ergonômico”.

ergonomia3
Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também