Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento da Federação do Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul (IPF/MS) aponta que 34% dos trabalhadores de Campo Grande trabalharam em home office no período de maior restrição do atendimento presencial no mês de março de 2021. O método de trabalho remoto foi instaurado por empresas de Campo Grande desde março de 2020 em decorrência da pandemia da Covid-19. A mudança para o home office ocorre em cumprimento ao Decreto Nº 14.749, publicado em 26 de maio de 2021 que regulamenta o regime de telebralho obrigatório para servidores públicos que possuam doenças condicionantes, cardiovasculares, pulmonares, imunodeficiência, transplantados, maiores de 60 anos, gestantes, lactantes até o sexto mês após o parto e para quem apresentar sintomas da Covid-19.
Segundo pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS), Federação do Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul e IPF/MS no inicio da pandemia no estado, 15% dos empresários permitiram que os colaboradores trabalhassem em casa como medida para evitar demissões. De acordo com o Decreto Nº 14.683 de março de 2021 que restringia atividades presenciais no município, as atividades de administração pública e atividades inadiáveis relacionadas a serviços jurídicos e contábeis ocorreram no sistema home office. A pesquisa realizada pelo Sebrae/MS aponta que o trabalho em casa é considerado por empresas do estado como uma medida de prevenção a Covid-19 que deve se manter no pós pandemia. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) produziu um manual para dar orientações a empresas e trabalhadores sobre o método home office e apresenta que a ergonomia aplicada ao trabalho remoto pode auxiliar no desenvolvimento das funções durante a pandemia.
O chefe da Secretaria de Assistência Estudantil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Rodrigo Costa passou a trabalhar na modalidade home office desde 22 de março de 2020 e atualmente trabalha no sistema híbrido.“Eu tive que me adaptar, montar toda estrutura para trabalhar em home office porque eu não tinha mesa, cadeira e tudo mais. Trabalhava com notebook e sentado no chão, então realmente era muito desconfortável e para que eu pudesse trabalhar de maneira mais confortável eu tive que fazer investimento em material, infelizmente a UFMS não dá esse amparo de ergonomia para os servidores, para que eles trabalhem na modalidade de home office”.
De acordo com o manual do TST a falta de ergonomia é uma das desvantagens do trabalho remoto e a improvisação de móveis e dispositivos tecnológicos pode causar danos à saúde do trabalhador. A estudante do curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) Karollyne Duarte trabalha em home office desde o dia 22 de fevereiro no Tribunal de Contas da União (TCU), ela afirma que sua postura ao sentar para trabalhar é incorreta. “Eu fico ansiosa, e ao invés de encostar, corretamente e trabalhar na postura certa, eu sempre fico um pouco para frente, ou bem próxima a minha barriga com a mesa”. Karollyne Duarte destaca que seu ambiente de trabalho irá mudar, pois planeja adquirir materiais para isso.
A ergonomista Priscilla Bueno defende que é importante ter organização pessoal no trabalho em home Office. “Quando a gente fala de home office o trabalho têm que ser encarado como se fosse numa empresa, porém tem toda uma particularidade, desde a privacidade desse trabalhador, e também uma organização do trabalhador como se fosse dentro da empresa, então tem que lembrar da jornada, início e fim, da necessidade de pausa. Não é porque você tá em casa que tem que trabalhar 24 horas, não é porque você tá em casa que vai começar a usar o seu WhatsApp pessoal como ferramenta de trabalho e aí quando você não tá no computador tá no celular trabalhando e a jornada de trabalho não tem fim”.
Para Priscilla Bueno adaptações ergonômicas auxiliam o trabalho home office. “O ambiente além de ser silencioso ele também tem que ser bem iluminado, o local onde de trabalho tem que ser perto da fonte de iluminação. A gente tem que pensar também no posicionamento desse posto de trabalho para evitar reflexos e sombras na tela desse computador. Claro, a gente tem que fazer o melhor que pode na condição que a gente tem, mas adaptar uma cadeira que às vezes não é muito confortável com uma almofada, a altura da tela do computador sempre tem que tá na linha dos olhos. Não tem um suporte para regular a altura do computador, então a gente empilha livros. A ergonomia tem trazido as possibilidades de adaptação dentro desse cenário home office”.